SEXTA-FEIRA 13: CUIDADOS REDOBRADOS NA DOAÇÃO DE GATOS PRETOS E A ORIGEM DO MITO.




A adoção de gatos pretos é sempre mais difícil, eles sofrem muita rejeição por conta de mitos e preconceitos criados contra eles. Mas tem épocas em que as pessoas querem muito “adotar” apenas gatos pretos. Nesses períodos, especificamente, o objetivo é sacrificá-los em rituais de magia, em geral de forma cruel e dolorosa.
Amanhã é sexta-feira 13, um dia especialmente perigoso para os gatos pretos, vítimas preferenciais da data. Por isso, protetores fazem um apelo: se você tem uma gatinho preto para doar, redobre os cuidados nesses dias. De preferência, não doe.


Algumas dicas podem ajudar a descobrir a intenção do adotante:
– Quando alguém ligar para adotar, diga que o gato está esterilizado. Os gatos nessa situação não servem para muitos rituais.
– Deixe escapar que o gato tem alguma manchinha branca no corpo e veja a reação da pessoa. Se ela o quer para alguma magia, ele também não servirá e ela desistirá da “adoção”.
– Vá até a casa do adotante e observe cuidadosamente tudo. Faça adotante assinar um termo de adoção responsável e diga que você faz questão de fazer visitas regulares no período de adaptação, que pode durar até três meses.
– Se possível, evite entregar o gato antes das sextas-feiras 13 ou 31 de outubro, Dia das Bruxas.
– Diante de qualquer dúvida, não doe.
Rituais de dor e horror
Pesquisando na internet é possível encontrar descrições de rituais terríveis feitos com “gatos pretos, sem nenhuma manchinha de outra cor”. Descrevo apenas um deles para mostrar o grau de crueldade a que estes animais estão expostos.
“Para se transformar num mago, você deve amarrar um gato preto e jogá-lo vivo dentro de uma panela de água fervente. Deixe-o cozinhar até que a pele descole totalmente dos ossos.”
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Origens do mito
Encontrei um texto muito interessante sobre a origem dos mitos que rodeiam os gatos pretos.
“A história de vida do gato preto é impressionante. Adorado por uns, sacrificado por outros, o gato preto sobreviveu a tudo apenas para reclamar o lugar que mais gosta de ocupar: um lugar quente, junto à janela.
As superstições acerca dos gatos nasceram desde cedo. Um dos primeiros povos a atribuir uma aura mística ao gato foram os egípcios que o idolatravam, tendo mesmo um Deus com a sua forma física, Bast. Em honra desta divindade, os egípcios mantinham gatos pretos em casa e davam-lhes honras reservadas a faraós, mumificando-os depois de mortos.
Mas foi na Idade Média que o gato viu a sua sorte mudar. Apesar de prestarem um importante serviço ao homem, caçando os ratos que eram considerados uma praga, a verdade é que havia uma legião de gatos vadios que faziam das cidades o seu território. A superpopulação terá sido o primeiro motivo pelo qual o gato deixou de cair em graça para passar a cair em desgraça.
A Idade Média ficou marcada pela superstição, bruxaria e febre religiosa. O gato, como animal independente e solitário, captou a atenção tanto de pagãos como cristãos.
No paganismo, o gato representa sabedoria e proteção, mas na magia negra, o gato preto macho personifica o diabo. No tarot, no baralho de Rider Waite , a Rainha de Paus é representada com um gato preto aos seus pés, significando energia instintiva, mas domesticada.
O gato é um animal que caça durante a noite e era na Idade Média acolhido por pessoas solitárias. Os gatos vadios eram os animais de estimação de mendigos e pobres, o que não abonou em relação à imagem do gato. Os olhos penetrantes que iluminam as noites contribuíram provavelmente para a catalogação do gato como espírito demoníaco. A cor preta era a cor das trevas e do mal, o que tornou os gatos desta pelagem os mais perseguidos pelos cristão e inquisidores. A sua associação às práticas pagãs, apenas provocou um maior distanciamento entre os cristãos e o gato. O facto de o gato ser muitas vezes sacrificado em rituais pagãos tornou-o num símbolo a combater.
Depressa começaram a surgir histórias que ligavam os gatos à bruxaria. Reza a lenda que por volta de 1560, em Linconshire, filho e pai foram assuntados por um gato preto que lhes cruzou à frente. O animal mancava e tinha vários arranhões e dirigiu-se para a casa de uma mulher que os habitantes da região suspeitavam que fosse bruxa. No dia seguinte, a mulher apareceu com uma ligadura no braço e tinha passado a mancar.
Outra história relatada conta que um agricultor cortou a orelha de um gato durante a noite. O homem acreditava que o gato estava assombrando a sua propriedade. No dia seguinte, o agricultor regressou ao local e encontrou parte da orelha de um humano. Na Alemanha, as histórias sobre a dualidade bruxa/gato preto são comuns. Uma mulher após ter sido acusada de bruxaria e condenada à fogueira, transformou-se em gato preto enquanto ardia. Foi assim que surgiu o mito de que as bruxas se transformam em gatos pretos durante a noite. É foi também desta forma que se encontrou justificação para perseguir estes animais.
Em paralelo com as lendas surgem também outros fatos históricos que na altura serviam de base de sustentação a muitas superstições. O Rei Carlos I de Inglaterra tinha um gato preto. O monarca acreditava que o seu gato lhe trazia sorte. Coincidência ou não, o gato morreu um dia antes de o Carlos I ter sido preso por Oliver Crommwell. O monarca foi acusado de traição e mais tarde decapitado.
Surpreendentemente, o gato preto sobreviveu a décadas, se não séculos de perseguição. A sua pelagem negra, pela qual era perseguido, era também uma vantagem quando caçava à noite, fundindo-se com a escuridão. Naquele tempo, não faltava alimento para os gatos, uma vez que os ratos abundavam pelas cidades e campos.
Pela altura do Renascimento, a Igreja Católica tinha já abrandado a caça aos hereges. Esta foi uma boa notícia para o gato por duas razões: por um lado os cristãos tinham conseguido reduzir a prática do sacrifício de animais, e em particular dos gatos com pelagem preta e por outro, deixaram de ser perseguidos pelos próprios cristãos.
Mas, da Idade Média resistiram as superstições profundamente enraizadas na cultura popular. Apesar de em alguns países ser mais comum associar o gato preto a um mau presságio, são várias as superstições que lhe são favoráveis em outros.
Superstições Comuns
Na Escócia – Um gato preto no alpendre traz prosperidade.
Na Itália – Ouvir um gato preto a espirrar traz boa sorte.
Se um gato preto se deita na cama de uma pessoa doente, significa que a morte dessa pessoa está perto.
Nos Estados Unidos – O gato preto que cruza o nosso caminho traz má sorte
Na Irlanda – O gato preto que cruza o caminho de alguém durante noites de luar, é prenúncio de epidemia.”
Fontes: Bicho de Rua | Anda