Professora que vai virar filme tem diploma de Harvard falso














A pesquisadora e professora de ensino técnico Joana D'Arc Félix de Sousa, 55 anos, cuja história deve virar uma cinebiografia, teve seu currículo questionado por uma reportagem do jornal O Estado de S.Paulo publicada nessa terça-feira (14). Joana afirma ter concluído pós-doutorado em Harvard, entretanto, apuração do jornal mencionado indica que o diploma por ela apresentado é falso, assim como outras formações que ela diz ter conquistado.
Joana ficou conhecida na imprensa por sua história de superação, tendo já palestrado no TED e em outros palcos, mais recentemente na Campus Party deste ano, onde relatou a trajetória de menina pobre, filha de empregada doméstica e operário de cortume. Ela também já afirmou ter iniciado a graduação em Química na Unicamp aos 14 anos. Em reportagem do G1, publicada há uma semana, o diretor de cinema Alê Braga, falou sobre os planos de levar a história de Joana para as grandes telas e sobre o papel que seria dado a Thaís Araújo. No mês passado, a Globo Filmes divulgou a preparação do filme.
A reportagem do jornal O Estado de S.Paulo afirma que Joana mostrou um diploma falso de Harvard, datado de 1999, com o brasão da universidade e o nome dela e titulação de "Postdoctoral in Organic Chemistry". O jornal enviou o documento para Harvard que, ao analisá-lo, informou que não emite diploma para pós-doutorado. No diploma consta ainda duas assinaturas, uma delas do professor emérito de Química em Harvard, Richard Hadley Holm. Procurado pelo jornal, ele respondeu que nunca tinha ouvido falar de Joana e que o diploma era falso.
Outras informações declaradas por Joana na plataforma Lattes também se mostraram insustentáveis, incluindo aquela que recebeu bolsa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino Superior (Capes), órgão do Ministério da Educação (MEC), para realizar a suposta pesquisa nos EUA.
Joana fez concurso público e trabalha como professora de Química na Escola Técnica Professor Carmelino Corrêa Júnior em Franca, desde 1999.
Entrevistada pela Veja, Joana afirmou nesta quarta-feira (15) que não mentiu sobre sua história. "Pode ser que eu não tenha explicado de uma forma correta. Mas eu não menti em nenhum momento", disse à revista. Também foi questionada se teme que a história prejudique sua carreira. Joana disse que o seu legado como professora não será apagado. "Faço um trabalho muito importante. Tirar um jovem da vulnerabilidade não tem preço. Eu trabalho com vários jovens. Não pode sujar o trabalho que eu realizei. Tenho esse legado, de trabalhar exclusivamente com jovens na vulnerabilidade social. Com a pesquisa e a ciência, eu transformo vidas de pessoas que não tinham perspectiva de futuro", reforçou à Veja.
Ao G1, Joana admitiu que não realizou um trabalho de pós-doutorado em, mas nega que tenha falsificado qualquer documento para atestar a conclusão de um título obtido pela instituição. “Eu não fui efetivada como aluna da universidade. Não tenho diploma de pós-doutorado, isso é um fato conhecido”, disse.