Governo autoriza uso do Sulfoxaflor, agrotóxico que extermina abelhas











O sulfoxaflor foi o responsável pela morte de meio bilhão de abelhas nos três primeiros meses de 2019, quando estava em fase de testes. Durante audiência na Câmara em abril, ministra Tereza Cristina foi indagada sobre o extermínio dos polinizadores e disse que o agrotóxico havia entrado de maneira ilegal no Brasil
O governo Jair Bolsonaro liberou nesta segunda-feira (22) novo lote de registro de agrotóxicos, chegando a 262 produtos liberados somente neste ano. Entre os agrotóxicos autorizados está o sulfoxaflor, responsável por exterminar mais de meio bilhão de abelhas em quatro estados brasileiros entre os meses de janeiro e março – quando o projeto ainda estava em fase de testes.

O sulfoxaflor foi um dos principais temas debatidos em abril na sessão da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara que recebeu a ministra da Agricultura Teresa Cristina.
Ex-líder da bancada ruralista, na ocasião, a ministra disse que o agrotóxico responsável pela morte das abelhas não estava registrado no Brasil.
“O problema das abelhas é que foi usado um produto chamado Sulfoxaflor. Esse produto não está registrado no Brasil. Esse é o grande problema dessa fila enorme. Esse produto muito provavelmente entrou de maneira ilegal, está sendo usado de maneira errônea e causou a morte das abelhas”, afirmou.

Polêmicas
Produzido pela Dow AgroSciences, o Sulfoxaflor é classificado pela Anvisa como “medianamente tóxico”, mas fora do Brasil é alvo de polêmica. Em agosto, pesquisadores da Universidade de Londres demonstraram que, sob certas condições, o inseticida tem um impacto negativo sobre a produção reprodutiva de colônias de abelhas, reduzindo em 54% o tamanho das colmeias.
Em 2015, o produto teve seu registro cancelado nos Estados Unidos após uma decisão da Corte de Apelações de São Francisco indicar que a Agência de Proteção Ambiental [EPA, na sigla em inglês] falhou em considerar os impactos do Sulfoxaflor sobre insetos polinizadores. Um ano depois, a EPA voltou a conceder o registro, mas com abrangência limitada.