Na maior operação regional contra pedofilia, até padre é preso












Doze pessoas foram presas em flagrante acusadas de armazenar, compartilhar e até produzir conteúdo pornográfico infantil durante a Operação Querubim, deflagrada pelo Departamento de Polícia Judiciária do Interior 4 (Deinter-4), por volta das 6h desta quarta-feira (10). A ação, que deteve padre, fotógrafo, analista de TI e outros nove profissionais liberais, foi considerada a maior de toda a região de Bauru, em termos de prisões.
Os nomes dos presos não foram divulgados pela Polícia Civil. A reportagem apurou que o padre é Denismar Rodrigo André, 42 anos. A Diocese de Marília divulgou nota oficial em que repudia o ocorrido. "Assim, com toda a população, especialmente os fiéis católicos, a Diocese de Marília está consternada com o ocorrido e informa que está à disposição da Polícia para ajudar nas investigações. Ressaltamos, ainda, que a Diocese de Marília não compactua com comportamentos que ferem o ministério sacerdotal e a dignidade humana, e espera o esclarecimento dos fatos. Por isso, o Padre Denismar já foi afastado "ad cautelam" de suas atividades clericais até que o inquérito Policial seja concluído."
O diretor do Deinter-4, Marcos Baurraj Mourão, conta que tudo começou há aproximadamente quatro meses, graças ao trabalho de inteligência da equipe do órgão, em Bauru, composta por quatro policiais especializados, com o apoio de outro servidor, também qualificado, pertencente ao Deinter-5, em Rio Preto.
Na manhã desta quarta (10), Civil deflagrou parte prática da operação
Trabalho teve início há 4 meses e analisou 23.459 IPs diferentes
O grupo, então, deu início à chamada ronda virtual, na qual os policiais mergulharam na deep web - conjunto de redes que fazem parte da web, mas não são indexadas pelos mecanismos de busca, tornando o seu conteúdo oculto para um grande público.
A partir deste momento, a equipe de inteligência analisou 23.459 IPs diferentes, além de 2 mil arquivos. Finalmente, chegou até 15 alvos, sendo três em Bauru, três em Jaú, três em Marília, dois em Ourinhos, um em Tupã, um em Pederneiras, um em Ubirajara e um em Promissão. 
A parte prática da Operação Querubim, que faz menção ao anjo, por se tratar de uma ação de combate à exploração sexual infantil, foi deflagrada por volta das 6h de ontem, quando 70 policiais civis e outros 12 integrantes da Polícia Científica cumpriram mandados de busca e apreensão.
Na ocasião, foram recolhidos computadores, pendrives, HDs, DVDs, brinquedos e até três armas municiadas. No entanto, a quantidade de cada objeto não havia sido contabilizada até o fechamento desta edição. "O conteúdo é repugnante e enojou, inclusive, os policiais mais experientes", avalia o delegado.
PRISÕES
Dos 15 alvos, 12 foram presos em flagrante. Entre eles, estavam profissionais liberais, como fotógrafo, cantor e analista de TI. Até um padre, morador de Tupã, mas atuante em Marília, de 42 anos, acabou detido na cidade onde vivia. O irmão do pároco também é investigado.
As prisões ocorreram em Bauru (2); Jaú (1); Marília (2); Ourinhos (3); Tupã (1); Promissão (1); Pederneiras (1) e Ubirajara (1). Em Bauru, a Polícia Civil apura o envolvimento de mais duas pessoas, pai e filho. Outros três suspeitos seguem sob investigação - um estava ausente, o segundo tinha o ID criptografado e o terceiro usou o computador de uma empresa, impossibilitando sua identificação imediata.
Se houver condenação por armazenar conteúdo pornográfico infantil, a pena é de 1 a 4 anos de reclusão. Caso a sentença envolva o compartilhamento do material, a sanção sobe para 3 a 6 anos. Já a produção de imagens leva à reclusão de 1 a 8 anos.

Samantha Ciuffa
Diretor do Deinter-4, Marcos Baurraj Mourão, detalhou ação
REFERÊNCIA EM INVESTIGAÇÃO
De acordo com o diretor do Deinter-4, Marcos Baurraj Mourão, a Operação Querubim foi o estopim para que a equipe do Deinter-4, em Bauru, se tornasse referência em investigação de crimes envolvendo a exploração sexual infantil.
Inclusive, ele solicitará a autorização do delegado geral Ruy Ferraz Fontes para que o grupo possa atuar em outros municípios paulistas, não apenas na região do Deinter-4, composta por 76 cidades. "Nós temos policiais capacitados e com perfil para este tipo de investigação, que envolve dedicação, concentração e paciência", exalta.

















Fonte:jcnet