Glaucoma, vilão silencioso

 



Imagine uma doença que acomete 76 milhões de pessoas no planeta, e metade delas não foi diagnosticada, não foi tratada e corre o risco de perder a visão. Este número ultrapassará os 110 milhões em 2040, segundo Conselho Brasileiro de Oftalmologia.

No Brasil, estima-se que entre 2-3% da população brasileira acima de 40 anos possa ter a doença, o que equivalente a 1,5 milhão de pessoas.

Estes são alguns dos impactos do glaucoma, causa número um de cegueira irreversível em todo o mundo. Na maioria dos casos, assintomático no início, a perda gradual da visão começa partir da periferia do olho, até chegar ao campo central.

“A pessoa com glaucoma pode enxergar muito bem a sua frente, até mesmo letras pequenas, porém deixa de visualizar um grande objeto passando em seu lado, até mesmo um carro”, explica Cristiano Caixeta, professor e chefe do Setor de Glaucoma da Santa Casa de São Paulo, membro consultivo da Sociedade Brasileira de Glaucoma (SBG) e vice-presidente do CBO – Conselho Brasileiro de Oftalmologia. “Por isso, uma avaliação oftalmológica periódica, principalmente a partir dos 40 anos de idade, é fundamental para o diagnóstico precoce e início imediato de tratamento”, acrescenta.

Segundo a SBG, 80% das pessoas acometidas só buscaram o oftalmologista depois de perceber alterações como perda de visão, olhos vermelhos, desconforto e embaçamento, uma condição avançada da doença.

Estima-se que cerca de metade de todos os indivíduos com glaucoma não sabem que têm a doença.

IRREVERSÍVEL
Uma vez comprometida pelo glaucoma, a visão não é restaurada ou recuperada. Entretanto, com tratamento a doença pode ter sua a progressão estabilizada. “A adesão do paciente ao tratamento é fundamental – muitos desistem, porque não percebem melhora, ou por desconhecimento de que o tratamento previne a perda de visão. Mas é importante que todos se conscientizem que o principal objetivo do tratamento é a estabilização do glaucoma, evitando a perda visual”, diz Caixeta.

A meta do tratamento é controlar a pressão intraocular (PIO), por meio medicamentos específicos, como colírios de uso contínuo, laser ou cirurgia.

FATORES DE RISCO
Há fatores de risco a serem considerados e que devem antecipar a procura por um oftalmologista, como idade avançada, pressão intraocular elevada, diabetes, histórico familiar entre outros – este último é um dos mais importantes, podendo conferir aos parentes de 1º grau 10 vezes mais chances de desenvolver a doença.

Atlas da Visão – A IAPB desenvolveu e disponibiliza o site interativo Vision Atlas, que fornece dados globais e regionais atualizados sobre as diferentes doenças oculares. Segundo o Atlas, 1,1 bilhão de pessoas vivem com perda de visão no mundo, número que pode aumentar para 1.7 em 2050 caso não haja investimentos significativos.

Ainda segundo o Atlas, 55% das pessoas com perda de visão são mulheres e meninas e 73%, indivíduos com mais de 50 anos. Na região que comporta Brasil e Paraguai, em 2020 havia cerca de 29 milhões de pessoas acometidas por perda de visão (13% desta população) e 1,8 milhão delas eram cegas.

Fundada em 1975, a Agência Internacional para a Prevenção da Cegueira é uma aliança internacional – atuante em mais de 100 países – que trabalha para promover a saúde ocular


Fonte: O LIBERAL