Estudo mostra que CoronaVac é eficaz contra casos graves de Covid-19 causados pela variante delta




De acordo com um estudo feito por pesquisadores do Centro de Controle e Prevenção de Doenças da província de Cantão (Guangdong), na China, a CoronaVac, vacina do Butantan e da biofarmacêutica chinesa Sinovac contra a Covid-19, evita em 100% o desenvolvimento de casos graves de covid-19 causados pela variante delta do SARS-CoV-2 e tem eficácia de 69,5% contra o aparecimento de pneumonias decorrentes da doença.

As descobertas estão no artigo “Effectiveness of Inactivated COVID-19 Vaccines Against Covid-19 Pneumonia and Severe Illness Caused by the B.1.617.2 (Delta) Variant: Evidence from an Outbreak in Guangdong, China”, que foi publicado na plataforma de preprints SSRN, vinculada à revista The Lancet, uma das mais prestigiosas publicações médicas do mundo. Esse é o primeiro estudo publicado sobre a eficácia das vacinas de vírus inativado, especialmente a CoronaVac/Sinovac, na prevenção de pneumonias e casos graves de Covid-19 causados pela variante delta.

Os pesquisadores concluíram que a imunização total com duas doses foi 69,5% eficaz para prevenir pneumonia, um dos desdobramentos mais graves da Covid-19: entre os não vacinados, houve 85 casos (1,44%); entre os vacinados com uma dose, 12 casos (1,42%); e entre os vacinados com duas doses, cinco casos (0,35%). Além disso, não foram registrados casos críticos entre os vacinados, indicando que os imunizantes analisados têm 100% de eficácia contra o desenvolvimento de casos graves de Covid-19 causados pela variante delta (entre os não vacinados, houve 19 casos graves ou críticos).


O estudo envolveu 10.813 pessoas e foi realizado em maio e junho de 2021, durante um surto da variante delta. Com exceção do grupo controle, os participantes haviam sido vacinados com uma das quatro vacinas de vírus inativado autorizadas para uso emergencial na China – a vacina da Sinovac (que no Brasil é chamada CoronaVac), as vacinas HB02 e WIV04, da Sinopharm, e a BICV, da Biokangtai.

Dos quase 11 mil voluntários, 5.888 (54,45%) não foram vacinados, 3.130 tomaram a primeira dose e 1.795 tomaram as duas doses. Entre os participantes que tomaram a primeira dose, 48,57% (2.392 pessoas) foram imunizadas com a vacina da Sinovac; entre os que receberam as duas doses, o indicador foi de 58,28% (1.046 pessoas).


O estudo foi feito com pessoas não vacinadas e vacinadas com uma ou duas doses porque quando o surto da variante delta começou em Cantão a imunização em massa ainda estava em andamento. Para a análise, os pesquisadores usaram dados de vigilância sanitária e de vacinação.


Sobre a variante delta


A variante delta do SARS-CoV-2 (B.1.617.2), identificada pela primeira vez na Índia em outubro de 2020, está sendo responsável pelo aumento do número de casos de Covid-19 inclusive em países onde a pandemia parecia controlada, como Israel e Reino Unido, devido à sua grande capacidade de transmissão. Cada indivíduo infectado com a variante delta pode transmitir o vírus para outras quatro a sete pessoas – ou seja, ela é 50% a 100% mais transmissível do que as demais cepas do SARS-CoV-2.


No Brasil, a variante dominante ainda é a gama (P.1, amazônica). De acordo com o boletim epidemiológico da Rede de Alerta das Variantes do SARS-CoV-2, coordenada pelo Butantan, no estado de São Paulo a gama é responsável por 89,82% dos casos, seguida da P.1.2 (4,22%), da alfa (B.1.1.7, britânica) e, em quarto lugar, da delta, com 0,54% dos casos. Em todo o Brasil, já foram registrados mais de 700 casos da variante delta, identificada em 14 estados e no Distrito Federal.


O Butantan já está estudando se a CoronaVac é efetiva contra a delta, iniciando a pesquisa pelo isolamento da variante.


Fonte: São Carlos Agora