Então, um orçamento que já é restrito acaba sendo vítima de novos cortes e acaba diminuindo ainda mais a qualidade de vida do brasileiro. O mais triste nisso tudo é que não é algo que podemos recompor da noite para o dia. Precisaríamos de anos para diminuir a quantidade de pessoas que ficam presas ao salário mínimo.
ANDRÉ BRAZ
É preciso ter comida, educação e infraestrutura para mudar
O economista pontua que enquanto o Brasil não parar de tratar a desigualdade social com medidas assistencialistas, o salário mínimo ainda será muito representativo para as famílias de baixa renda.
Ele acredita que o Brasil deveria criar medidas permanentes para melhorar a qualidade de vida da população carente e iniciar o processo oferecendo educação de qualidade para as pessoas.
"O investimento em educação e na qualidade de mão de obra pode fazer com que a força de trabalho tenha acesso a remunerações maiores e que mais gente consumam cestas mais robustas."
O cenário, no entanto, está longe de ser alterado porque educação não é prioridade para o governo, diz Braz.
"A gente ouve falar que se constrói muita escola e dá merenda, mas educação mesmo, valorização do professor, fica em segundo plano. E isso é um problema porque perpetua esta desigualdade deixando as famílias reféns de auxílios assistenciais.
Na última quinta-feira (16), a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) divulgou um relatório sobre o impacto da pandemia de coronavírus na educação e destacou a baixa remuneração dos professores brasileiros.
O estudo mostrou que o salário médio dos professores no Brasil é inferior ao das 37 nações do bloco e dos três países parceiros representados no levantamento.
Para o sociólogo Fabio Mariano, uma educação que vai, de fato, ajudar as pessoas a saírem da exclusão e da desigualdade é uma educação emancipadora e que vise fomentar a autonomia, a cidadania e a relação do indivíduo com si só. Ele acredita que é preciso investir na educação não apenas com foco na empregabilidade.
Para ele, o Brasil precisa de projetos que invistam numa educação emancipadora que forme profissionais e reduza a desigualdade social do país.
Para isso, são necessários três pilares básicos: educação de qualidade e acessível, alimentação e infraestrutura (saneamento básico e transporte).
"A pandemia da covid-19 mostrou de forma ampla a falta de saneamento básico e de infraestrutura nas comunidades para dar o mínimo para a população. Falam na necessidade de distanciamento social e de se utilizar o álcool em gel, mas se esquecem que muitas famílias não têm nem banheiro em suas casas", afirma Mariano.
Fonte:R7