Música, solidariedade, responsabilidade e presença de palco!

 




Em sua primeira edição presencial depois de dois anos, o Alternatal volta com tudo. Quatro dias de festival com nomes que vão do chorinho ao grindcore, espaço para artesãos e food trucks. O ingresso? Um brinquedo doado e a carteirinha de vacinação completa. Em sua 16ª edição, o Alternatal, um dos eventos culturais e solidários mais tradicionais de Araraquara, assume, sem medo, três tarefas ambiciosas: ser o primeiro evento cultural de grandes proporções desde o início da pandemia em Araraquara – e fazê-lo com responsabilidade –, traduzir em quatro noites, de 16 a 19/12, a riqueza musical represada em uma cidade que teve seus primeiros eventos há apenas poucos meses e, a mais importante de todas, superar a arrecadação de brinquedos recorde obtida no ano de 2012, de aproximadamente 2.100 itens. O Alternatal é realizado desde 2006 com uma regra fundamental, seguida à risca todos os anos: o ingresso para os espetáculos é um brinquedo em bom estado, doado posteriormente a entidades assistenciais de Araraquara por meio do Fundo Social de Solidariedade, que tem o cadastro das pessoas em situação de necessidade. Nesta edição, uma nova “regra de ouro” foi incluída: o comprovante de vacinação completa será exigido no acesso a todos os ambientes do evento, que contarão com as medidas sanitárias e o distanciamento social adequados.

Diversidade Tudo isso para desfrutar com saúde e segurança de uma programação eclética, que representa não apenas a diversidade musical da cidade, mas a história do evento e de seu organizador, Jorge Moura: “Colocar no palco do Alternatal essa programação, que vai do choro ao grindcore, representa muito de como foi a minha vida. Eu tinha discos do Pixinguinha e do Napalm Death na mesma prateleira. Eu aprendi a respeitar toda e qualquer manifestação cultural, todo tipo de música. E, sobretudo, poder juntar todos esses artistas para um ato de solidariedade, respeitando as regras sanitárias, respeitando a vacina, depois de todo o caos que o mundo viveu e ainda vive, é uma honra muito grande.” De fato, das 16 edições do Alternatal, por cujos palcos já passaram 240 bandas, esta é a mais diversificada.

O choro abre a programação do festival com Pedro Freitas Quarteto, no dia 16/12, na Cervejaria Ópera, às 19h30. Já o grindcore do Hellside volta aos palcos, seu lugar natural, no sábado, 18/12, como parte do casting do QG Eventos, onde também apresentará o seu HC o Ramona Death, de Taquaritinga, um dos dois nomes de fora da cidade neste Alternatal. O outro é o Pente Redondo, de Catanduva, que fecha o domingo no Teatro de Arena com seu reggae. Pulamos a sexta-feira? É o dia dos Mamíferos se apresentarem no Pub 13. A noite une dois parceiros tradicionais do Alternatal. O Pub 13, que sedia parte do festival há quatro anos, e os Mamíferos, a banda com mais participações em todas as edições do evento. No Pub 13, apresenta-se também a banda Controvérsia. A programação do sábado (QG eventos) e do domingo (Teatro de Arena) inclui espaços para artesão locais e food trucks.

Superação e apoio

 À diversidade soma-se a adversidade vivida por todos em um período de quase dois anos de completo ou total isolamento, com perdas pessoais, financeiras e, claro, enormes dificuldades para manter de pé projetos pessoais, profissionais e culturais, o que faz do XVI Alternatal um festival de superação para organizador, artistas e parceiros. “Estes dois anos foram muito difíceis, difíceis demais mesmo, para mim, e tenho certeza de que para todos os envolvidos”, resume Jorge, que acrescenta: “admiro e agradeço muito a todas as bandas que se superaram para conseguir, o que não é fácil, estar em condições de participar deste Alternatal e a todos aqueles que deram seu apoio em um momento tão cheio de restrições como este. Em especial, Prefeitura de Araraquara, Secretaria Municipal da Cultura, Fundart – Fundação de Arte e Cultura de Araraquara, Associação Comercial e Industrial de Araraquara, Rádio Hot Mix FM (107.5), EPTV, Acidade ON Araraquara, Rádio CBN Araraquara, Jornal O Imparcial e as empresas Casinha Musical, Opus – Maníacos por Música, Sanel, Dark Horse Company, NewCar, AZ Transportes, SilkGraf, Publiout, Cervejaria Opera e Pub 13.” Em tempos difíceis, a arte e a solidariedade são a melhor cura. E elas estarão juntas, com responsabilidade, nos palcos do Alternatal.

12 mil brinquedos em 15 anos

Em 15 edições do Alternatal, incluindo a de 2020, única realizada de forma virtual, foram arrecadados cerca de 12 mil brinquedos. Todo o montante é encaminhado ao Fundo Social de Solidariedade da Prefeitura Municipal de Araraquara, que o destina às famílias em situação de necessidade. A edição com o maior número de brinquedos recebidos foi a de 2012, com aproximadamente 2.100 itens. Quantia que pode aumentar no Alternatal deste ano. “Com o forte amparo da mídia que o festival tem recebido, a expectativa é que esse número seja superado”, comenta Jorge Moura, organizador do evento. Uma das preocupações que o Alternatal tem desde sua primeira edição, conforme explica Jorge, é a de evitar a exposição das crianças que são beneficiadas com a arrecadação dos brinquedos. “Nós nunca tiramos fotos das crianças nem fazemos nenhum tipo de exploração desse momento, que deve ser respeitado. A comunicação do evento é voltada totalmente à divulgação dos artistas e apoiadores do projeto.”

Reencontro mais que esperado

 Para grande parte dos artistas e do público, a apresentação no palco do XVI Alternatal será uma oportunidade de reacender uma velha paixão e curar feridas recentes. A banda Hellside, destaque no palco do QG de eventos no sábado, 18/12, possui um público cativo, conquistado em mais de 20 anos de estrada com seu grindcore impiedoso, e com o qual não se encontra há quase dois anos. Para a guitarrista e vocalista Flavinha Antunes, o show é o momento de retomar esse contato, tão importante para uma artista, e também de fazer aquilo que ela mais gosta: “barulho” ao lado dos companheiros Serginho (contrabaixista) e Pirão (baterista). “É um momento muito esperado e importante. Na verdade, eu encaro como um desafio e uma superação, já que eu venho de dois lutos recentes que me impactaram bastante. Mas o som rápido e pesado que fazemos é minha paixão, e eu acredito que esse show será realmente especial e significativo, pois marcará o retorno oficial do Hellside. E em um festival muito legal, solidário e com grande tradição na cidade”, comenta Flavinha Antunes.