PRF muda o tom e afirma que não compactua com a abordagem a Genivaldo: 'Indignação'

 




Depois de dizer que a morte de Genivaldo de Jesus Santos foi uma "fatalidade", a PRF (Polícia Rodoviária Federal) mudou o tom do discurso neste sábado (28) e divulgou um vídeo em que afirma que não compactua com a abordagem que terminou na morte da vítima em uma espécie de câmara de gás em Sergipe. 

"Assistimos com indignação os fatos ocorridos na cidade de Umbaúba (SE). Não compactuamos com as medidas adotadas durante a abordagem ao senhor Genivaldo. Os procedimentos vistos durante a ação não estão de acordo com as diretrizes expressas nos cursos e manuais da instituição", afirmou Marco Territo, chefe da comunicação institucional da PRF.

Segundo a corporação, a morte de Genivaldo e de dois agentes no Ceará fez com que a instituição revisse os padrões internos de abordagem. Novos procedimentos de aperfeiçoamento e operacionais serão adotados.

"A conduta isolada não reflete o comportamento de mais de 12 mil policiais rodoviários federais, que, anualmente, abordam mais de 10 milhões de pessoas que circulam pelas rodovias federais. Desde o primeiro instante, a PRF não se furtou em agir. Ao tomar conhecimento, instaurou procedimento administrativo disciplinar afastando os policiais envolvidos de todas as atividades", ressaltou o policial Marco Territo.

De acordo com a PRF, uma equipe de intervenção de Brasília vai conduzir a investigação e a gestão da crise. Também foram convocados especialistas e instrutores da Universidade da PRF, para "aperfeiçoar a abordagem a pessoas com transtornos mentais".

A corporação disse ainda que colabora com a investigação da PF (Polícia Federal) e do MPF (Ministério Público Federal) e que a Corregedoria da PRF está empenhada na apuração das circunstâncias do fato.

No vídeo, a PRF se solidariza com a família e amigos de Genivaldo e afirma que não compactua com afrontas aos direitos humanos. Como exemplo, cita operações recorrentes de combate à pedofilia e de enfrentamento do trabalho escravo e do tráfico de pessoas. 

A gravação foi divulgada depois que o escritório de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas) na América do Sul cobrou das autoridades brasileiras uma investigação rápida e "completa” da morte de Genivaldo.

O comunicado foi publicado no site da ONU no Brasil. Genivaldo, que tinha 38 anos e sofria de esquizofrenia, foi preso na parte de trás da viatura e obrigado a aspirar o gás de efeito lacrimogêneo de uma bomba jogada dentro do carro, na quarta-feira (25).

O caso

A causa da morte foi insuficiência respiratória aguda provocada por asfixia mecânica, segundo o atestado de óbito.

A ação truculenta foi registrada por testemunhas, e os vídeos repercutiram nas redes sociais. Foram cinco policiais envolvidos na ocorrência – dois deles mantiveram fechado o porta-malas em que Genivaldo havia sido colocado, o que resultou na formação de uma espécie de câmara de gás.

Pelo vídeo, é possível ouvir os gritos da vítima dentro da viatura. Havia uma fumaça branca que saía do veículo. Após algum tempo, quando os agentes abriram a porta, o homem já estava desacordado.

Genivaldo chegou desacordado à delegacia, passou mal, segundo a polícia, e morreu a caminho do hospital. Ele deixou esposa e um filho.


Fonte:R7