Brasil tem deflação de 0,36% em agosto, a menor taxa para o mês em 24 anos

 



A redução do preço dos combustíveis (-10,82%) resultou em uma deflação de 0,36% no mês de agosto. Trata-se da menor variação para o mês desde 1998 (-0,51%), mostram dados divulgados nesta sexta-feira (9) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Com a segunda deflação consecutiva, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) acumula alta de 8,73% nos últimos 12 meses, patamar abaixo dos dois dígitos pela primeira vez desde setembro do ano passado. No ano, o índice tem alta de 4,39%.

As reduções fazem o índice oficial de preços se aproximar do teto da meta estabelecida pelo governo para o período, de 3,5%, com margem de tolerância de 1,5 ponto (de 2% a 5%). Para os analistas do mercado financeiro, a convergência não será possível e o IPCA fechará 2022 em 6,6%.

A deflação do mês é novamente justificada pela redução das alíquotas do ICMS sobre gasolina e energia elétrica nos estados e pelo corte do PIS/Cofins sobre a gasolina e o etanol até o fim de 2022. O alívio deve ser sentido pelas famílias até o fim deste ano.

Para Pedro Kislanov, gerente responsável pela pesquisa, a retração menos intensa da energia elétrica (-1,27%) ajuda a explicar a queda menor de preços na comparação com o resultado do mês de julho (-0,68%), quando a variação de preços foi a menor desde o início da série histórica da pesquisa, em janeiro de 1980.

"Houve aceleração de alguns grupos, como saúde e cuidados pessoais (1,31%) e vestuário (1,69%), e a queda menos intensa do grupo de transportes em agosto. No mês anterior, os preços da gasolina, que é o item de maior peso no grupo, tinham caído 15,48% e, em agosto, a retração foi menor (-11,64%)”, afirma Kislanov.

No mês, o grupo dos transportes (-3,37%) foi responsável pelo maior impacto para a deflação, influenciado principalmente pela redução de 10,82% no preço dos combustíveis. No período de análise, o gás veicular (-2,12%), o óleo diesel (-3,76%), o etanol (-8,67%) e a gasolina (-11,64%) apresentaram deflação.

Os preços das passagens aéreas também caíram (-12,07%), após quatro meses consecutivos de alta. Segundo Kislanov, a sazonalidade é uma das explicações para o resultado. “Essa é uma comparação com julho, que é um mês de férias e há aumento da demanda. Além disso, foram quatro meses seguidos de alta, o que eleva a base de comparação. Também há o impacto da redução do querosene de aviação nesse período”, avalia ele.

No grupo de habitação (+0,1%), os preços da energia elétrica residencial (-1,27%) seguem em queda. “Os efeitos da redução das alíquotas de energia elétrica ficaram mais concentrados no mês anterior. Em alguns locais, como Vitória e Belém, ainda houve reajuste nas tarifas em agosto”, destaca Kislanov.

Por outro lado, a alta de 1,31% no grupo de saúde e cuidados pessoais é relacionada aos aumentos dos itens de higiene pessoal (+2,71%) e plano de saúde (+1,13%). Já a maior variação positiva no IPCA de agosto veio do grupo vestuário (+1,69%), cujos preços haviam ganhado ritmo no mês anterior (+0,58%). As roupas femininas (+1,92%), masculinas (+1,84%) e os calçados e acessórios (+1,77%) foram as maiores influências no avanço do grupo.

Alimentação

Em agosto, os preços no grupo alimentação e bebidas perderam força ao subir 0,24%, ante alta de 1,3% apurada no mês de julho. No período, itens importantes na mesa das famílias tiveram inflação, como o frango em pedaços (+2,87%), o queijo (+2,58%) e as frutas (+1,35%).

Por outro lado, houve queda nos preços do tomate (-11,25%), da batata-inglesa (-10,07%) e do óleo de soja (-5,56%). De acordo com o IBGE, as deflações fizeram com que o resultado da alimentação dentro de casa (+0,01%) ficasse próximo da estabilidade.

Outro produto importante na cesta é o leite longa-vida, que teve deflação de 1,78% em agosto. "Como estamos chegando ao fim do período de entressafra, que deve seguir até setembro ou outubro, isso pode melhorar a situação. Mas, no mês anterior, a alta do leite foi de 25,46%, ou seja, os preços caíram em agosto, mas ainda seguem altos”, explica Kislanov.

alimentação fora do domicílio avançou 0,89%, com a refeição passando de 0,53%, em julho, para 0,84%, em agosto, e o lanche desacelerando de 1,32% para 0,86% nesse período.

Fonte:R7