Depois crescer 2,4% no melhor primeiro trimestre dos últimos cinco anos, o volume de vendas do comércio seguiu o movimento positivo ao avançar 0,1% em abril, mostram dados revelados nesta quarta-feira (14) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A leve alta é estimulada pelo crescimento de 3,2% das compras no segmento de hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo. A taxa corresponde ao maior avanço do ramo desde março de 2020 (+10,5%).
De acordo com Cristiano Santos, gerente responsável pela pesquisa, o salto da atividade está ligado às vendas da Páscoa. "Antes da pandemia, os resultados das vendas da Páscoa no varejo apareciam sobretudo em abril. Nos anos seguintes, os ovos começaram a ser vendidos muito antes, em janeiro, e essas vendas eram diluídas ao longo desses meses. Neste ano, houve uma volta ao padrão de antes, e o resultado forte das vendas da Páscoa puxou o setor", avalia.
Além dos supermercados, outras duas das oito atividades analisadas contribuíram para o quarto mês seguido sem variações negativas do setor. São elas: livros, jornais, revistas e papelaria (+1%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (+0,3%).
Com a sequência positiva, o varejo acumula alta de 1,9% no ano, mesmo crescimento apurado no segundo bimestre do ano, segundo os dados apresentados pela PMC (Pesquisa Mensal de Comércio).
Entre as cinco atividades que ficaram no campo negativo em abril, destacaram-se negativamente os setores de equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-7,2%) e Tecidos, vestuário e calçados (-3,7%). Santos relata que as quedas responsáveis por puxar o indicador para baixo ocorrem por razões distintas. "A atividade de tecidos, vestuário e calçados tem uma trajetória de queda há muito tempo", explica ele,
"Se olharmos todos os indicadores desse setor, desde setembro, em geral, o cenário é muito negativo, com exceção de janeiro (27,3%), quando grandes redes fizeram promoções, após as vendas fracas no Natal e na Black Friday. Esse crescimento de grande amplitude aconteceu em uma base de comparação baixa”, completa Santos.
O pesquisador associa ainda a trajetória da atividade a uma mudança de comportamento ocorrida durante a pandemia. “Com o menor deslocamento das pessoas, houve menos necessidade de consumir produtos dessa natureza, como roupas e calçados. Essa mudança no consumo impactou as grandes redes, que têm fechado lojas nesse período em todo o país”.
Com os resultados negativos seguidos, o setor de tecidos, vestuário e calçados é um dos que ainda não recuperaram o patamar pré-pandemia, abaixo do nível registrado em fevereiro de 2020, o último mês sem o efeito das restrições para conter o avanço do novo coronavírus..
Já o segmento de equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-7,2%) vem de uma alta de 6,3% no mês anterior e de uma queda de 9,7% em fevereiro. “A trajetória dessa atividade é relacionada às variações do dólar, com as quedas e as altas que se alternam ao longo dos meses”, diz Cristiano. Essa atividade ainda se encontra 17,8% abaixo do patamar pré-pandemia.
Outras atividades que ficaram no campo negativo foram combustíveis e lubrificantes (-1,9%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (-1,4%) e móveis e eletrodomésticos (-0,5%). No varejo ampliado, em que são considerados também os setores de veículos, motos, partes e peças (-5,9%) e material de construção (-0,8%), houve retração de 1,6%.
Fonte:R7