SISMAR ataca e Edinho rebate



Com tantos ataques ao funcionalismo em tão pouco tempo, prefeito de Araraquara mancha sua história e ajuda a afastar o PT dos trabalhadores. Prefeito fala que é apenas boato





Edinho Silva (PT), prefeito de Araraquara, quer impor regime estatutário para os servidores municipais e acabar com a licença abonada. A intenção foi confirmada pessoalmente nessa quinta-feira (3), durante a posse da Comissão de Combate ao Assédio Moral, sem o menor constrangimento.
Além disso, como se já não bastasse, ele também avisou que pretende cortar o atestado para cuidar de dependentes, conhecido como atestado humanitário, epassará a contestar atestados e afastamentos. Para completar a cena, quis colocar no Sindicato dos Servidores Municipais de Araraquara e Região (SISMAR) a culpa pela dívida do Município com o INSS.
O recado, nas entrelinhas, é muito claro: Edinho está sentindo-se à vontade para provocar o Sindicato e desafiar a categoria e não terá remorso em atacar mais ainda o funcionalismo. Lembrando que ele já impôs perdas salariais para os servidores, com reajuste parcelado e abaixo da inflação (primeira parcela 
quatro meses atrasado em relação à data-base e a outra só em 2018), e ignorou o Sindicato durante as negociações. Não podemos esquecer que em seu mandato anterior, os servidores amargaram quase 40% de perdas salariais.
Com essa atitude, Edinho Silva dá um tiro no pé do serviço público da cidade. As condições de trabalho e os salários na Prefeitura de Araraquara já são ruins e muitos servidores adoecem por causa disso. Com os cortes anunciados pelo prefeito, a previsão do SISMAR é de colapso do serviço público, com número cada vez maior de afastamentos e pedidos de demissão. O resultado inevitável é a piora na prestação do serviço.
Mesmo os interlocutores mais próximos estão chocados com a nova intenção do prefeito de Araraquara. Muita gente dentro do Partido dos Trabalhadores nãoconcorda com a posição de Edinho, mas ele vai fazer o que quiser. E não acreditem os mais inocentes que é para o bem da cidade. A menos que o prefeito petista admita que pensa como o João Dória Jr (PSDB).
Para o PT, o caminho para o necessário equilíbrio fiscal não pode ser pavimentado por sacrifícios do povo trabalhador. Segundo fontes internas do partido, Edinho está afastando o PT dos trabalhadores, despolitizando o debate sobre a coisa pública, inclusive ao adotar postura de ataque aos servidores e ao 
desrespeitar o Sindicato.
O País vive um momento de dilapidação dos direitos dos trabalhadores operado por políticos quase todos corruptos que estão mais interessados em atender osinteresses de grandes empresas e do mercado financeiro do que do povo. Edinho Silva está se igualando a eles ao querer fragilizar ainda mais o pouco direito que ainda resta aos servidores depois dessa reforma trabalhista criminosa, com a ideia de regime estatutário para o funcionalismo.
Mas a crueldade do prefeito de Araraquara é maior. Ele quer tirar dos servidores o benefício que dá direito ao afastamento de até 15 dias úteis por ano para cuidar de dependentes que estejam doentes e necessitem de acompanhamento. O nome popular é atestado humanitário, que o prefeito do Partido dos Trabalhadores quer extinguir.
Não acabou. Edinho também deve achar que servidor municipal tem muito direito e resolveu que vai acabar com as licenças abonadas, conquistadas com duas greves históricas em 2010.
Parece que o famoso prefeito está com a cartilha do partido errado na cabeceira.
A categoria está atenta contra toda essa barbaridade. O SISMAR pode chamar uma assembleia geral a qualquer momento.
Sobre a dívida com o INSS, em nenhuma hipótese o SISMAR seria responsável por essa dívida, uma vez que ela foi criada por determinação do prefeito da cidade na época, Marcelo Barbieri (PMDB), ao decidir que iria “compensar” pagamento que considerava ter sido feito a mais.
Qual poderia ser a responsabilidade do Sindicato nessa dívida? Mesmo assim, o SISMAR faz questão de desmentir o prefeito Edinho Silva e esclarecer que denunciou, sim, a sonegação do governo Barbieri na época com protocolos dos fatos para nove órgãos de fiscalização, inclusive Polícia Federal, Ministério 
Público e Tribunal de Contas. Os documentos estão arquivados e serão disponibilizados assim que possível.

Edinho desmente
Diante das fortes acusações, o prefeito Edinho Silva (PT) esclarece que não há qualquer menção dele aos temas relativos à mudança de regime dos servidores municipais e fim do atestado humanitário. Isso é a disseminação de uma mentira para causar insegurança no funcionalismo.
Na posse da Comissão de Combate ao Assédio Moral e à Discriminação, na última quinta, Edinho disse que um dos desafios dos servidores na revisão do PCCV é avaliar o impacto das faltas abonadas na geração de horas-extras, principalmente na educação, já que gera prejuízos ao processo educacional.
Segundo o prefeito, hoje existe um TAC (Termo de Ajuste de Condutas), proposto pelo Ministério Público do Trabalho, que limita a geração de horas-extras. Portanto, tem um problema instalado na administração municipal, herdado da gestão passada, e que cabe aos servidores se posicionarem diante dele na revisão do PCCV.
Em reunião com os servidores do DAAE, também na última quinta, quando questionado sobre o regime de contratação dos servidores, o prefeito disse que essa era uma decisão que cabia aos funcionários públicos municipais. Jamais se posicionou sobre uma possível mudança.
Edinho argumentou que jamais tocou no tema de atestado humanitário, o que caracteriza uma mentira absurda. Os servidores que estavam presentes nessas duas oportunidades sabem o que é verdade e o que é mentira no diálogo estabelecido pelo prefeito.
Ao contrário das mentiras espalhadas pelas redes sociais, a atual gestão tem aberto espaços importantes de diálogo com os servidores, buscando dar autonomia a eles na construção de alternativas para melhorias no trabalho e na prestação de serviços à população.
Nestes sete meses, o prefeito criou e empossou o Comitê de Gestão Democrática formado com representantes eleitos de cada secretaria municipal, autarquia e fundações e sindicato para tratar de temas relativos aos avanços nos direitos do servidor; também a comissão para revisão do PCCV (Plano de Cargos, Carreira e Vencimentos), uma demanda antiga da categoria; fez inúmeras audiências para tratar da data-base e vai devolver ao servidor o direito ao Plano de Saúde, está implementando uma nova política de RH, além de instrumentos de comunicação para ampliar o diálogo entre funcionários e governo.
Com coragem, diálogo e muita responsabilidade, a Administração e os servidores vão construir juntos caminhos para corrigir injustiças feitas com a categoria ao longo do último período. É uma administração aberta ao diálogo e os funcionários sabem disso. A mentira nunca prevalece e nada constrói.

texto e foto: Jornal o imparcial Araraquara