Jovem são-carlense vence a Covid-19 e alerta: “fique em casa, não é uma gripezinha”



A segunda quinzena de abril marcou uma reviravolta na vida do estudante e assistente administrativo Daniel Lino Cecílio Castro. Até aqui, a sua maior batalha pela vida. Saudável, sem integrar o grupo de risco (diabetes, obesidade, hipertenso) e sem nenhuma comorbidade, foi uma das vítimas da Covid-19.



Filho de Cláudia Cecílio, reside com a mãe e com o padrasto Evandro Pulsini, na rua Coronel Júlio Augusto de Oliveira Salles, na Vila Isabel e no final da manhã desta segunda-feira, 18, concedeu entrevista ao São Carlos Agora com uma única finalidade: alertar as pessoas sobre o perigo desta infecção que não escolhe idade, raça, credo. “Fiquem em casa, ela não é uma gripezinha”, disse.

Daniel revelou que não sabe como foi infectado pelo vírus. “Sei apenas que tive medo de morrer. Já tive a dengue, mas ela não é nada comparada a esta doença (ao se referir à Covid)”, afirmou, dizendo-se ser agora, um vencedor. “Trago comigo muita gratidão, fé e esperança. Aprendi que tenho que redobrar os protocolos de segurança e assim proteger meus familiares, meus amigos e as pessoas com quem convivo”, disse.

RELATO EMOCIONANTE

Com o sentimento de ter tido a chance de nascer novamente, Daniel contou com sua mãe e seu padrastro, que faz parte do grupo de risco, não se infectaram. “Graças a Deus”, disse.



Desde o dia em que teve conhecimento que era portador do novo coronavírus, Daniel fez um relato emocionante no sentido de detalhar os momentos que passou ao saber que era uma das vítimas.

Desde o momento da tosse seca, espirro e perder totalmente o paladar. A luta pelo teste, pelas consultas médicas. Até sua ida a Santa Casa, onde considerou o atendimento perfeito e excelente, até o acompanhamento médico e da Vigilância Epidemiológica neste momento em que está em isolamento social (termina no dia 20 de maio).

Lucas disse que seu corpo ainda não está 100%. Sente dores e se recupera passo a passo. “É demorado. A Covid-19 machuca a gente. Dá medo. Neste período os cuidados foram redobrados, com utensílios domésticos e roupas passando por atenção especial”.

O jovem são-carlense relatou ainda que se sentiu vitorioso duplamente por não ter sido necessário à sua internação. “Fiquei longe de abraços e beijos da minha mãe. Senti muita falta. Ainda não posso e não sei quando poderei abraça-la novamente. Mas agradeço a Deus esta nova oportunidade. É uma lição que aprendi e que carregarei para minha vida”, disse.



O RELATO

Abaixo, o relato de Daniel, desde o momento em que soube que estava infectado pelo novo coronavírus:

“Os primeiros sintomas apareceram no dia 26 de abril. Apenas como uma simples dor de garganta no primeiro dia. Tomei um remédio e melhorou. Porém no dia seguinte (27) já não havia paladar e nem olfato. Coriza, tosse seca e o que me chamou atenção foi uma vez que eu estava saindo do banho, tive um mal súbito nos braços da minha mãe. Tive a sensação de desmaio. Porém não quis ir ao médico naquele dia...

Até então estava tratando em casa como uma síndrome gripal. Dia 6 de maio ainda não tinha melhorado e fui a uma clínica fazer exames de rotina quando o médico perguntou como estava naquele momento ai eu disse: “estou com muita dor no corpo, congestão nasal, espirros, sem olfato e sem paladar”.

O médico pegou um algodão umedecido no álcool e deu pra eu cheirar e perguntou: “não sente nada mesmo?” Eu respondi: “não doutor, não sinto nada!”


Na hora, ele jogou o algodão no lixo, acionou a Vigilância Epidemiológica e falou: “você teve coronavírus. pois isso é sintomas de Covid-19”.

Recebi as orientações de me isolar, não deixar eu tocar em nada, separar talher, prato e copo. Saindo dali, naquele mesmo dia, procurei um laboratório para fazer o teste. A maioria estava fechada e o que não estava, o resultado sairia dias depois.

Então fui na Santa Casa, na ala de atendimento à Covid-19. Fui muito bem recepcionado, o médico de plantão fez exames clínicos, olhou meus pulmões, garganta e disse que poderia ser uma sinusite e me receitou o Azitromicina. Mas por desencargo de consciência foi feito o teste e me alertou que era dolorido.

Fiz então o Nasofaringe, que eu achava que iria sair na hora, mas não saiu. No dia 11 de maio chegou o resultado: a Vigilância Epidemiológica nos alertou que estava infectado e entrei em isolamento social total.

Meu padrasto que é de risco teve que fazer o teste e minha mãe também. Ela trabalha em uma clínica de repouso. Na medicina a chance que eles pudessem ser contaminados era muito grande, pois antes disso tive contato com eles. Abraçava minha mãe normal... O médico disse que a chance de serem contaminados era de 90%. No dia 15 chegou o resultado e graças a Deus deu negativo para ambos e isso é inexplicável.

Após todos esses dias, hoje só sinto dor no corpo pois, demora para voltar 100%. Pra mim foi uma vitória, passei pelo pior sem ao menos saber direito o que era.

Ainda estou de quarentena, com acompanhamento médico e da Vigilância Epidemiológica até o dia 20 de maio. Depois vou fazer novos exames clínicos e os próximos cuidados.

Passando por tudo isso, aprendi muito e aprendi a dar mais valor no abraço. Aliás fiquei semanas sem um abraço. Acho que foi uma das partes mais difíceis.

Por isso faço um apelo: QUEM PUDER FIQUE EM CASA, COVID-19 não é brincadeira, É coisa séria e normalmente leva até a morte.

COVID-19 não escolhe pessoas: rico, pobre, negro, branco, criança, jovens e idosos... Uns aguentam, outros não!”

Fonte: São Carlos Agora