Médicos pedem isolamento social total e união entre poderes públicos

 



O Comitê Extraordinário de Monitoramento Covid-19 divulgou um boletim na manhã desta terça-feira (23) em que alerta sobre a gravidade da pandemia no Brasil, que registrou 25% das mortes mundiais, na última semana, e pede isolamento social total e união de todo poder público, independentemente de ideologias políticas para enfrentar pior fase da pandemia no País.

De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), entre 15 e 21 de março, aconteceram 60,2 mil óbitos no mundo, dos quais 15,6 mil aqui. Nesta semana, o Brasil deve chegar às 300 mil mortes. 

O documento, assinado por mais de 80 associações e conselhos médicos, lideradas pela Associação Médica Brasileira, passa orientações para governos federal, estaduais e municipais; profissionais de saúde; poder judiciário e população em geral.

Para o poder público, os profissionais pedem vacinação mais rápida e que chegue para mais pessoas e comprar urgentes de medicamentos que estão em falta nos hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS). 

"São urgentes esforços políticos, diplomáticos e a utilização de normativas/leis de excepcionalidade, para solucionar a falta de medicamentos ao atendimento emergencial de pacientes hospitalares acometidos pela COVID-19, em especial de bloqueadores neuromusculares, opioides e hipnóticos - indispensáveis ao processo de intubação de doentes em fase crítica", consta no relatório

De acordo com o Comitê, sem os medicamentos o atendimento correto é impossível e reafirma a necessidade de atenção especial aos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

"A falta de vagas em UTIs e o aumento anormal da demanda por vagas de leitos fazem urgentes também a adoção de critérios técnicos-científicos de triagem dos pacientes que devem ocupar os leitos disponíveis, com fundamentos éticos em defesa das vidas dos brasileiros, com diretrizes para todos os médicos do País. A escassez de recursos humanos, de insumos farmacológicos e de material de apoio transcende a simplicidade da utilização dos centros cirúrgicos como terapia intensiva. A transformação da sala de cirurgia em UTI deve ser pontual. É uma exceção, não regra."

Para a população, os médicos pedem que sejam respeitadas as medidas de prevenção e isolamento em todas as faixas da sociedade, uma vez que a variante amazônica, que é predominante no país, é mais transmissível. 

"O isolamento social, com a menor circulação possível de pessoas, segue sendo imperioso para conter a propagação viral, hoje agravada pela variante brasileira P1 do coronavírus. Todos, sem exceção, temos de seguir à risca as medidas preventivas: uso correto de máscara, distanciamento social, evitar aglomerações, manter o ambiente bem ventilado e higienizando, ficar em isolamento respiratório assim que houver suspeita de Covid-19, identificar os contactantes, higienizar frequentemente as mãos, com água e sabão ou álcool gel a 70%", reforçou o documento. 

Para os médicos, a carta reforça a ineficácia da hidroxicloroquina/cloroquina, ivermectina, nitazoxanida, azitromicina e colchicina e que o uso de medicamento como corticoides e anticoagulantes só devem ser usados em pacientes internados.   

Os médicos fizeram questão de colocar o poder judiciário no documento, já que o presidente Jair Bolsonaro entrou com pedido no Supremo Tribunal de Federal (STF), na última sexta-feira, pedindo o fim das medidas restritivas colocadas por governos estaduais. 

"Devido ao drama vivido no Brasil, se faz ainda mais relevante o papel do Judiciário como poder de guarda dos direitos constitucionais, entre os quais à saúde e à vida. Assim, registramos o crédito de que os tribunais seguirão se manifestando, ao estrito cumprimento da Lei, para garantir que todas as normas de isolamento sejam cumpridas à risca."

Por fim, afirmam que a nova gestão no Ministério da Saúde, com o médico Marcelo Queiroga no controle da pasta, seja baseada na ciência. "Firmamos votos especiais ao novo Ministro da Saúde. Os brasileiros almejam que vossa gestão ecoe e se guie exclusivamente pela voz da Ciência; que seja um exemplo de independência na implantação de políticas/medidas consistentes e necessárias à resolubilidade e qualidade do sistema; de conduta ética; de compromisso com a melhor Medicina; e, acima de tudo, com a saúde de todos os cidadãos."


Fonte:R7