Mulher processa Hospital Estadual Sumaré por risco de contaminação no parto

 



A empreendedora Estela Maris da Costa Vieira, 28, entrou com um processo de indenização por danos morais contra o HES (Hospital Estadual Sumaré) por conta do risco de contaminação durante o parto de seu filho.

Cerca de 20 dias depois da cesárea, a mulher alega ter sido procurada por técnicos do hospital, que informaram que os aparelhos utilizados não foram esterilizados da forma correta. Como consequência, ela pode ter sido exposta ao vírus HIV e hepatites B e C.

O parto aconteceu no dia 18 de novembro de 2020. Já a reunião com membros do HES ocorreu em 11 de dezembro. Uma sindicância interna foi aberta pelo hospital para apurar o caso.

A ação judicial está em tramitação pela 2ª Vara Cível de Sumaré desde fevereiro. A defesa de Estela pede o pagamento de R$ 200 mil em danos morais e R$ 10 mil em danos materiais.

O advogado pleiteava a concessão da tutela antecipada de urgência para que o hospital custei o plano de saúde da mulher e seu filho, além de fornecer o leite necessário para a criança.

Em 14 de março, o juiz Rafael Carmezim Camargo Neves determinou que a defesa do hospital se manifeste antes de analisar o pedido. Não houve outras movimentações desde então.

Na petição inicial, a defesa afirma que a reunião do dia 11 de dezembro foi gravada pela família de Estela. No áudio, uma mulher, apontada como a enfermeira responsável, admitiria que foi identificada uma falha no processo de esterilização dos aparelhos usados durante a cesárea, o que poderia ter exposto a gestante aos vírus.

O risco de contaminação seria “baixo”, segundo os técnicos, mas exigiria o acompanhamento.

Em entrevista ao LIBERAL, Estela contou que o pós-parto foi complicado. Ela sentia muitas dores e deixou o hospital no dia 19 de novembro com os pontos vazando. O procedimento acabou realizado no HES porque seu plano particular estava em período de carência.

Posteriormente, a mulher recorreu ao hospital do convênio, onde foi medicada para as dores. Durante esse período, ela chegou a amamentar o filho, o que teve de ser interrompido após o aviso do HES sobre o risco de exposição. A demora entre a cesárea e o aviso do hospital é o que mais revoltou a mulher.

“Às vezes em mim pode dar negativo, mas e o meu filho, que não tomou nenhuma vacina? Já que ele tomou um pouco do meu leite… Todos os sintomas que ele [médico do HES] perguntou se eu estava tendo, eu tive nos cinco primeiros dias. Eu gemia de dor”, relatou Estela.

Por conta do risco, a mulher tem de fazer periodicamente exames de HIV e hepatites para monitorar a situação. Inicialmente, ela realizava os testes no próprio HES, mas depois mudou para o convênio por não “confiar mais” no hospital estadual.

“Agora eles querem mais um exame daqui dois meses, quando dá seis meses. Porque a bactéria pode estar incubada de três a seis [meses] ou até mesmo um ano no corpo. Até o momento deu negativo, mas acabou com a minha vida. Não me ofereceram nenhuma ajuda de psicólogo, foi o meu convênio que me ligou”, disse Estela.

Além do recém-nascido, Estela tem outros dois filhos e é casada.

Outro lado

Questionada sobre o caso, a assessoria de imprensa do HES informou que há uma sindicância em andamento e que a questão já está “sub judice”.

“O hospital possui processos de gestão da qualidade, reconhecidos nacional e internacionalmente, que são aplicados a toda rotina assistencial e administrativa com o objetivo de garantir uma assistência segura e já há sindicância em andamento”, traz a nota.


Fonte: O LIBERAL