'Parece que só morre de covid', afirma Bolsonaro a apoiadores

 



O presidente da República, Jair Bolsonaro, afirmou na manhã desta quinta-feira (18) a apoiadores em Brasília que nenhum país do mundo está tratando bem a questão da covid-19 e que aqui está travada uma guerra contra o seu governo.

"Os hospitais estão com 90% de UTIS ocupadas. Agora o que precisamos fazer: [separar] quantos são de covid e quantos são de outras enfermidades", afirmou.

Bolsonaro fez "um teste" com os apoiadores dizendo ter tido um tio que morreu no mês passado. "Eu fiz uma pergunta hipotética e qual é a pergunta dele [apontando para um apoiador que questionou se a morte ocorreu em decorrência do novo coronavírus]? Parece que só morre de covid", afirmou o presidente. 

Seguindo na linha de crítica às medidas mais restritivas de governadores e prefeitos para tentar conter o avanço da pandemia, o presidente questionou os objetivos dos lockdowns. "Lógico que a gente quer solução, a gente lamenta qualquer morte. Agora por que existiu o lockdown? Isso foi em março, abril [de 2020]. Não era para alongar a curva? Ninguém fala mais em alongar a curva. Não era para alongar a curva para não ter uma grande quantidade de pessoas infectadas para não ter gente na porta do hospital?"

O presidente reclamou da crise econômica ocasionada pela pandemia e citou a pressão política e por vacinas que vem sofrendo. "Vocês estão vendo a população sofrendo com o desemprego? Famílias pobres ficaram miseráveis. Se os filhos já não tinham educação que não era boa, vai ficar pior agora", afirmou. 

"Um dos raros países do mundo onde querem derrubar o presidente é aqui. Eles não apresentam soluções. Ah, comprar vacina. Onde é que tem vacina para vender. Tem uma vacina que tem uns dez países que não vão aplicar mais. Um cara inteligente me ligou perguntando por que eu não compro. Eu respondi: no mínimo é um lote suspeito. A que ponto chegou a cabeça de algumas pessoas. Não está aplicando lá, então, a gente compra...", acrescentou.

Sobre a oferta de venda feita pela Pifzer no ano passado, Bolsonaro justificou a negativa da compra por causa de cláusulas contratuais e pelo fato de que o imunizante, à época, não tinha certificação da Anvisa. 

"Mas quem me criticou eu pergunto: você por acaso leu o contrato? Ignorante que quer me criticar. O contrato dizia: não nos responsabilizamos por qualquer efeito colateral. Como vou comprar uma vacina dessa? Outra: ninguém podia entrar com ação contra eles aqui. Nunca se viu na vida isso aí. Agora, depois que o Congresso disse que poderia comprar, assinamos no dia seguinte. Agora se eu compro antes, e Anvisa nega o registro, eu ia fazer o que com 100 milhões de doses de uma vacina? Iam falar que fiz negociata, né?"

2022

Bolsonaro fez um paralelo entre a pressão da pandemia em seu governo com a decisão do ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal), que anulou as condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na operação Lava Jato.

"Alguns querem que eu tome medida precipitada. País está dividido. É uma luta ferrenha para [as eleições presidenteciais de] 22. Um mininistro do Supremo deu elegibilidade para um dos maiores bandidos que passou pelo Brasil. Absolvendo o Lula", disparou o presidente. "Se os delatores entregaram mais de R$ 2 bilhões é porque eles roubaram. De quem? Não foi de empresa privada, foi de empresa pública. Só isso aí já é suficiente. Você pega as obras feitas pelo mundo todo, de países ditatoriais, foram feitas pelo PT. Centenas de bilhões usados no BNDES para isso."

O presidente afirmou estar "arrumando o negócio", mas não pode "meter o pé na porta" para resolver os problemas do país.

"Os caras querem que a gente meta o pé na porta. Meter o pé na porta é ditadura. E o povo brasileiro não conhece ditadura. Sabem de uns idiotas da esquerda quem ficam falando besteira o tempo todo aí. Os caras defendem Chavez, Maduro, o falecido Fidel Castro. Defendem o da Coreia do Norte. E falam em democracia. [...] Uma garotada que foi contaminada por décadas de marxismo. Não quer saber a verdade."

Mandetta

O chefe do Executivo nacional aproveitou a oportunidade para rebater as críticas do seu ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que defende a estratégia do isolamento social para redução do contágio. "A linha do queridinho da Globo, o Mandetta, vai pra casa e quando sentir falta de ar vai para o hospital. E perguntei para ele: vai voltar para o hospital para fazer o quê?  Tem remédio? Não tem. Para intubar? Não vale a pena tentar uma coisa antes?", disse.

Sobre auxílio emergencial, Bolsonaro sinalizou que ele não pode durar toda a pandemia, diferentemente do que o ministro da Economia, Paulo Guedes, sugeriu em 12 de março. "Alguns acham que tem ser auxílio emergencial eterno, enquanto durar a pandemia."

E voltou a citar Lula. "Teve um cara que saiu da cadeia há pouco tempo dizendo que "graças a Deus esse vírus apareceu". E agora, segundo o Datafolha... quem acreditar em pesquisa no Brasil é outro desmiolado, né... diz que ele está com 30% da intenção de votos."

Fonte:R7