Conheça a ferramenta usada para recuperar os prints do caso Henry

 



Um software israelense foi a ferramenta que permitiu à polícia do Rio levantar as principais provas da investigação da morte do menino Henry Borel, de 4 anos. Com o uso do programa, conversas e prints foram recuperados de um aparelho telefônico de Monique Medeiros, mãe de Henry. Esse material mostra que a babá da criança relatou à patroa que o menino era agredido por seu namorado, vereador Dr. Jairinho.

Presos nesta quinta-feira (8), Monique e Jairinho são suspeitos de cometer homicídio duplamente qualificado com emprego de tortura e sem capacidade de defesa da vítima. 

"Nós encontramos no celular da mãe prints de conversa que foram uma prova extremamente relevante, já que são do dia 12 de fevereiro e o que nos chamou a atenção é que era uma conversa entre a mãe e a babá que revelava uma rotina de violência que o Henry sofria", afirmou o delegado Henrique Damasceno, da 16ª DP (Barra da Tijuca), responsável pelo caso.

Programa recupera dados até após formatação

O Cellebrite é uma ferramenta usada por peritos forenses digitais para recuperar diversos tipos de dados contidos em celulares e outros equipamentos eletrônicos, mesmo depois de eles terem sido apagados.

Ele é composto por uma maleta com uma CPU dedicada, no qual o perito conecta o aparelho, para que programas específicos se encarreguem de contornar os bloqueios, como senhas e PIN de telas, para ter acesso ao conteúdo da memória do celular ou computador e baixá-los para a memória da CPU. É aí que um software da empresa é usado para recuperar arquivos que podem ter sido apagados, como os prints do celular de Monique.

"É um hardware que faz recuperação física de dados, ou seja, mesmo que alguém tenha apagado mensagens, textos ou arquivos, o conteúdo pode ser recuperado", explica José Milagre, diretor da CyberExperts, empresa especializada em perícia digital e computação forense.

Segundo ele, a análise de dispositivos eletrônicos pode ajudar a solucionar muitos crimes no futuro, já que os aparelhos estão tão integrados no dia a dia das pessoas. 

"Os equipamentos móveis são grandes testemunhas de ações, fraudes e crimes. Uma ferramenta como essa pode recuperar mensagens de Whatsapp, históricos de navegação, mensagens enviadas e até mesmo arquivos que passaram pelo dispositivo, incluindo termos e expressões na memória do equipamento", detalha Milagre.

O especialista conta que nem mesmo a formatar um celular usando a opção para voltar às configurações de fábrica apaga realmente os dados e que eles podem ser recuperados pela Cellebrite.

"Vai depender do tempo e preservação do equipamento, mas, se ele estiver em condições, a ferramenta pode recuperar. Mesmo com a formatação pode ser que o equipamento ou softwares forenses consigam recuperar informações, já que as técnicas de limpeza do dispositivo são variadas e algumas não são tão efetivas", ressalta.

Um pacote como o da Cellebrite é vendido apenas para forças policiais ou peritos forenses credenciados. "Estas ferramentas em mãos erradas podem ser usadas para espionagem, fraudes e usos indevidos, causando danos à privacidade e direitos fundamentais de pessoas", finaliza.

Caso Henry

Henry foi deixado pelo pai por volta das 19h30 na casa de Monique e Jairinho, no dia 7 de março. Estava sem nenhum tipo de lesão, de acordo com a investigação. Em poucas horas, chegou morto ao hospital. Apenas Monique e Jairinho estiveram com o menino nesse intervalo.

A delegada Ana Carolina Medeiros, que conduziu a operação na quinta-feira, disse que o casal tentou se desfazer dos celulares quando a polícia chegou à residência, na zona oeste do Rio. Os aparelhos, contudo, foram resgatados pelos agentes.

O vereador e a mulher foram presos por agentes da 16ª DP (Barra da Tijuca). A polícia cumpriu mandados de prisão temporária expedidos pela juíza Elizabeth Louro Machado, do II Tribunal do Júri do Rio.

Henry morreu no Hospital Barra D’Or, na Barra da Tijuca. Foi levado para lá pelo casal, que alegava tê-lo encontrado desmaiado no quarto onde a criança dormia. O menino estaria com olhos revirados, pés e mãos geladas e dificuldades para respirar.

De acordo com os médicos, o garoto chegou ao estabelecimento em parada cardiorrespiratória. No Instituto Médico Legal, a necropsia constatou múltiplos sinais de trauma, como equimoses, hemorragia interna e ferimentos no fígado, típicos de agressão.

A polícia suspeita que Henry tenha morrido depois de ser submetido por Dr. Jairinho a uma sessão de torturas, com o conhecimento de Monique. Aos investigadores, o casal afirmou suspeitar que o menino teria se ferido em uma queda. Os ferimentos, contudo, não são compatíveis com essa versão.

Veja abaixo os prints das conversas entre Monique e a babá