PM resgata suspeito de abusar da filha em tribunal do crime e prende 14

 



Policiais militares resgataram um homem suspeito de abusar da filha em suposto ‘tribunal do crime’ e prenderam 14 pessoas na tarde deste domingo (9), em uma chácara de Sumaré. Os detidos não se pronunciaram e negam posse das armas encontradas. O caso é investigado pela Polícia Civil.

Em buscas dentro da casa, a PM localizou a vítima amarrada em um quarto, além de encontrar uma arma – Foto: Divulgação – Polícia Militar

Na chácara, um homem de 53 anos estava em cárcere privado, amarrado. Na parte externa da casa, já haviam até cavado um buraco, em que a polícia suspeita que seria a cova da vítima.

Sequestrado na noite anterior, ele relatou ameaças de morte para confessar o abuso sexual da filha de 3 anos, negado pela vítima.

A criança foi encontrada em Campinas, junto da babá, uma adolescente de 16 anos, que confirmou o suposto abuso sexual do pai da menina. A criança foi levada ao hospital com lesões nas partes íntimas, aponta a polícia.

A PM (Polícia Militar) recebeu denúncia de que estaria ocorrendo tribunal do crime em chácara no Bela Vista. Ao chegarem, os policiais avistaram um Gol preto deixando o local e, pouco depois, um homem que ao fechar o portão gritou aos colegas: “molhou, molhou, é a polícia”. Os policias entraram no local e detiveram 12 pessoas, sete homens e cinco mulheres na parte externa da propriedade, onde foi encontrado um buraco assemelhado a uma cova.

Abordados, os detidos não tinham nada de ilícito. Em buscas dentro da casa, a PM localizou a vítima amarrada em um quarto, além de encontrar uma arma. Nenhum dos suspeitos afirmou ser dono do objeto.

Policiais suspeitam que buraco cavado no terreno seria usado como cova – Foto: Wagner Souza – Futura Press – Estadão Conteúdo

Ainda durante a ocorrência, um Renault Kwind foi visto indo em à chácara, mas tentaram fugir ao notarem as viaturas no local. Uma equipe se deslocou e deteve o veículo. Uma segunda arma foi encontrada, mas os passageiros negaram serem donos dela.

Segundo o boletim de ocorrência, os dois homens que estavam no veículo disseram que iam encontrar amigos na chácara e que fugiram por se assustar com as viaturas.

Na sequência, um deles afirmou ser membro do PCC (Primeiro Comando da Capital) de Jundiaí, e que estavam na chácara para “resolver questões do estupro de uma criança”. Com isso, 14 pessoas foram detidas, sendo nove homens e cinco mulheres.

Em depoimento na delegacia, o homem sequestrado, disse ter sido abordado por dois homens na madrugada de sábado para domingo, quando chegava em casa com sua filha de 3 anos.

A criança ficou dentro do carro e ele foi levado para a chácara, onde foi agredido para que confessasse o abuso sexual contra a filha. O homem negou ter cometido o crime. Ele disse ainda que a criança poderia ter sido levada para a casa da babá, no Jardim do Lago, em Campinas.

A criança foi encontrada no local, junto da babá, de 16 anos, e outras duas mulheres, que foram detidas inicialmente, mas não foram indiciadas. A babá relatou em depoimento que a criança vinha sendo abusada pelo pai.

SARGENTO RELATA DETALHES

O LIBERAL conversou com o sargento da PM, Edivaldo de Jesus Mulotto, que atendeu a ocorrência. O sargento conta que na chegada, os suspeitos estavam do lado de fora “conversando, como se fosse uma reunião”.

A vítima, encontrada amarrada e com hematomas, disse que foi agredida e ameaçada com machado e serrote, “disse que iam matar e esquartejá-lo”.

Segundo o sargento, a filha da vítima foi encontrada em Campinas com sinais de estupro e levada à UPA (Unidade de Pronto-Atendimento).

Sargento relatou ainda que os detidos tem entre 20 e 40 anos, e que a maioria deles são da região de Campinas, já possuem passagem pela polícia e não se pronunciaram após a detenção.

“É comum que esses atos, de tribunal do crime, sejam feitos pelo PCC, são indícios de comportamento dessa classe”, afirma Mulotto.

Foram apreendidos: um revólver calibre 38, dentro do carro da dupla que tentou fugir; e dentro da casa: uma pistola 9mm, uma faca, um machado, um soco inglês, um serrote, uma corda, 14 veículos e três celulares.

A reportagem questionou a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, responsável pela Polícia Civil, sobre o caso. Até agora, não houve retorno.

O boletim de ocorrência foi registrado como constrangimento ilegal e associação criminosa, pelo 2° DP (Distrito Policial), responsável pelo caso.


Fonte: O LIBERAL