Vereadores pedem cassação dos mandatos de cinco edis por suposto decoro parlamentar

 



Os vereadores da Câmara Municipal de Araraquara Flávio Henrique Marchese (Marchese da Rádio), Hugo Pereira Adorno (Pastor Hugo), Lineu Carlos de Assis e Luiz Carlos de Oliveira (Carlão do Joia), protocolaram uma representação por quebra de Decoro Parlamentar ao Conselho de Ética da Câmara, na quarta-feira (28) contra os vereadores Filipa Brunelli (PT), Fabiana Cristina Virgílio (PT), Luna Ayan Meyer (PDT), Thainara Karoline Faria (PT) e Guilherme Spadari Bianco (PCdoB). Eles alegaram no documento que os referidos vereadores teriam usado a Tribuna Popular nas últimas sessões da Câmara Municipal de forma ofensiva, extrapolando as prerrogativas, contabilizando atos de repúdio em desfavor deles, atingindo diretamente a honra objetiva do Parlamento.

Polêmica

A polêmica começou quando a maioria dos vereadores da Câmara Municipal de Araraquara votou contra a moção de repúdio da vereadora Filipa Brunelli (PT) ao projeto de lei PL nº 504 de 2020, que proíbe publicidade com pessoas LGBTQIA+. A deputada estadual Marta Costa (PSD) é autora do projeto na Alesp, que proíbe propagandas com pessoas LGBTQIA+ no Estado de São Paulo.
O projeto associa a população LGBTQIA+ a “práticas danosas” e “influências inadequadas” em relação a crianças ao proibir a publicidade, por meio de qualquer veículo de comunicação e mídia, de material que contenha alusão a preferências sexuais e movimentos sobre diversidade sexual relacionada a crianças no Estado. Vereadores de Araraquara rejeitaram a moção de repúdio por 11 votos a seis.
A vereadora Filipa criticou a atitude dos vereadores que votaram contra a moção de repúdio. Ela citou no documento que “associar a violação dos direitos das crianças e adolescentes às diversidades sexuais e de gênero é desumanizador, cruel e, acima de tudo criminoso”.

A partir daí, vereadores que foram favoráveis ao projeto fizeram falas acaloradas na Tribuna Popular citando os companheiros de Casa que se posicionaram contra a moção de repúdio.

Homofobia

O documento protocolado pelos vereadores pedindo a cassação dos mandatos dos companheiros ressalta que a vereadora Felipa Brunelli os teria acusado, durante a declaração de seu voto, “de serem contra o povo LGBT e de estarem cometendo genocídio”. “Vereadores desta casa são declaradamente LGBTfóbicos sim, compactuam com a LGBTfobia, com a morte dos travestis e homossexuais, consumo da carne do travesti; coniventes com a política esdrúxula que acontece nos bastidores desta Câmara Legislativa; movimentação nojenta expressiva contra o povo dentro desta casa”, cita um trecho da fala.

Já a vereadora Thainara Faria (PT) foi acusada pelos vereadores de acusá-los de estarem compactuando com a LGBTfobia e com o Facismo, por terem se posicionado contrários ao Projeto de Lei de sua autoria.

“Servirem templos religiosos que pregam um Deus diferente da Bíblia das escrituras sagradas, à favor do Genocídio, perseguição, ataques violentos, assassinatos cheio de ódio, contra corpos LGBT”, diz uma fala da vereadora citada no documento.

A vereadora Luna Mayer (PDT) foi lembrada por acusar os citados vereadores de “estarem compactuando com a LGBTfobia, aqueles, que se posicionaram contrários ao Projeto de Lei de autoria da vereadora Felipa Brunelli, que nos repudiam e também outros homossexuais que estão aqui nesta casa”, disse.

Já o vereador do PCdoB, Guilherme Bianco, teria dito que os 11 vereadores que votaram contra a moção estariam compactuando com a LBTfobia, assim como afirmou a vereadora Fabi Virgílio (PT).

Chegando a um consenso

O presidente da Câmara, o vereador Aluísio Brás (MDB), o Boi, se reuniu com os envolvidos na manhã dessa quinta-feira (29) para debater o assunto.

“Nós nos reunimos pela manhã e chegamos a um consenso para fazer uma nova construção sobre os debates mais calorosos, para que eles sejam feitos com respeito e eles tiveram um entendimento que o melhor para a cidade e para os projetos é isso. Desta forma, foi retirado o protocolo do Conselho de Ética e a gente vai construir com conversa essa parte de ser mais respeitoso com os pares, respeitando o contraditório, e os outros projetos nós vamos construir com mais calma. Sendo assim, não existe mais nenhum documento protocolado na Casa e vamos seguir em frente com as pautas positivas para a cidade”, esclareceu Boi para a reportagem