O presidente Jair Bolsonaro repetiu nesta quarta-feira, 23, informação falsa de que o Senado americano investiga a origem do coronavírus e a possível eficácia de medicamentos utilizados no chamado tratamento precoce. A afirmação baseia-se em vídeo divulgado por apoiadores do governo nas redes sociais, no qual cinco senadores republicanos dos EUA fazem especulações acerca das políticas de controle do debate público adotadas por redes sociais. O presidente usou os dados incorretos para, novamente, criticar os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid, no Senado.
“O Senado americano está dando um exemplo, não só buscando a origem do vírus, bem como investigando o tratamento precoce. Bem diferente da CPI (da Covid)”, repetiu o presidente a apoiadores na saída do Palácio da Alvorada. Como mostrou a checagem do Estadão Verifica e do Projeto Comprova, o pronunciamento de parlamentares republicanos foi tirado de contexto nas redes para dar força a uma teoria de que o novo coronavírus teria escapado de um laboratório. Embora acreditem nessa tese, os senadores não apresentaram nenhuma evidência que comprove.
O presidente também voltou a defender o uso de medicamentos sem a eficácia comprovada para o tratamento da Covid-19, afirmando que a universidade norte-americana de Oxford encontrou “fortes indícios” da eficácia do medicamento. Nesta terça-feira, 22, no entanto, a Universidade de Oxford anunciou que tem feito testes iniciais do uso da ivermectina, medicamento antiparasitário, como tratamento possível para a covid-19. A pesquisa integra estudo apoiado pelo governo britânico para auxiliar na recuperação de pacientes em situação não hospitalar.
De acordo com a universidade, a substância resultou na redução da replicação do vírus em estudos laboratoriais. Um pequeno estudo piloto mostrou que administrá-la antecipadamente poderia reduzir a carga viral e a duração dos sintomas em alguns pacientes com quadros leves de Covid-19.