Estudo mostra variante indiana 50% mais transmissível do que britânica

 



A variante do coronavírus detectada na Índia, chamada Delta, é até 50% mais transmissível do que a Alfa, encontrada pela primeira vez no Reino Unido, e está por trás da segunda onda que levou rapidamente ao país asiático a registrar mais de 400 mil casos diários, de acordo com um estudo preliminar do governo indiano.

A pesquisa realizada pelo Consórcio de Sequenciamento do Genoma SARS-CoV-2 da Índia (Insacog) e pelo Centro Nacional de Controle de Doenças (NCDC, na sigla em inglês), ao qual à Agência Efe teve acesso, indicou que a variante Delta (B.1.617) e sua linhagem B.1.617.2 foi capaz de atingir uma elevada taxa de propagação, apesar dos níveis de seroprevalência presentes na população.

O estudo preliminar, que ainda não foi revisto, esclarece, no entanto, que essa mutação não influenciou no aumento exponencial da taxa de mortalidade com até 4 mil óbitos por dia, que poderiam sim estar associados à precariedade do sistema de saúde, entre outros fatores.

A Índia sofreu nos últimos três meses uma onda de infecções que levou o país de menos de 10 mil casos por dia em fevereiro para 400 mil em maio, colocando o sistema sanitário sob colapso em várias regiões, incluindo Nova Delhi.

De acordo com o estudo, a variante Delta tem "uma transmissibilidade elevada que é até 50% superior a B.1.1.7", a variante Alfa, detectada pela primeira vez no Reino Unido, devido a um maior carga viral e capacidade de escape imunológico.

"Apesar da capital indiana ter passado por três ondas do vírus em abril, e a soropositividade ficar em torno de 50%, Delhi foi esmagada pela quarta onda", destaca o relatório, que tenta descobrir as razões pelas quais o vírus conseguiu escapar aos níveis de imunidade de rebanho.

Embora os dados sugiram que um aumento inicial ocorreu entre janeiro e fevereiro, associado com a variante britânica e a celebração de algum evento em massa, isso também revela que semanas depois houve "uma rápida expansão da sub-linhagem B.1.617.2 que ultrapassou todas as outras linhagens".

A alta transmissão da variante Delta também foi observada no estado de Punjab, no norte, onde B.1.1.7, que havia atingido uma prevalência de quase 100% nesta região, foi consistentemente substituída pela B.1.617.2.

Mesmo assim, o estudo descartou uma maior mortalidade associada à variante Delta, em comparação com o Alfa, observando que o número alarmante de mortes na Índia pode ser devido a uma combinação de múltiplos fatores, incluindo o colapso do sistema sanitário, com um falta de leitos de UTI e oxigênio médico.

A Índia registrou pouco mais de 100 mil infecções e 2,4 mil mortes por covid-19 nesta segunda-feira, um dos menores números registrados nos últimos dois meses.

Fonte:R7