Cuba reconhece crise sanitária, mas recusa corredor humanitário

 



O Ministério das Relações Exteriores de Cuba comunicou neste sábado que não é necessário abrir um corredor de ajuda humanitária em meio à crise sanitária agravada pela pior onda da covid-19 até então, mas reconheceu que a situação é "muito complexa" e pediu que as contribuições do exterior sejam feitas através de canais oficiais.

"Alguns, de maneira intencional e manipulada, mencionam a necessidade de implementar corredores humanitários, de intervenção humanitária", disse em entrevista coletiva Ernesto Soberón, diretor-geral dos Assuntos Consulares e Cubanos Residentes no Exterior.

Soberón argumentou que estes "são conceitos e termos relacionados a situações de conflito armado, violações graves do direito humanitário internacional, que não têm nada a ver com o que está acontecendo no país".

Cuba vive seu pior momento na pandemia de covid-19. No sábado (10), pelo terceiro dia consecutivo, o país reportou novos recordes de casos e mortes em um só dia, com 6.750 contágios e 31 óbitos, informou o Ministério da Saúde Pública (Minsap).

Os hospitais estão sobrecarregados nas províncias mais afetadas - principalmente Matanzas, a leste de Havana - e o país convive com uma grave escassez de medicamentos e produtos básicos há meses.

Artistas, cidadãos e organizações de diversos países iniciaram uma campanha nas redes sociais para pedir a abertura de um corredor humanitário que permita combater a crise sanitária no território cubano.

Os organizadores da campanha, que usam as hashtags #SOSCuba e #SOSMatanzas, também se organizam dentro e fora de Cuba para angariar dinheiro, materiais médicos, alimentos e outros insumos para enviá-los aos locais mais afetados.

O representante do Ministério das Relações Exteriores para que os doadores do exterior façam suas contribuições através das embaixadas de Cuba ou associações oficiais de cubanos nos países onde residem, ou através de transferências para uma conta aberta pelo governo e disponível nos sites oficiais.

Soberón também denunciou que há "uma campanha para apresentar a imagem de Cuba como um caos total", o que garantiu não corresponder com a situação sanitária real nem com os indicadores de covid-19 do país.

A resposta do governo vem após diversas celebridades se juntarem à campanha #SOSCuba, atraindo forte atenção internacional. Parte dos apoiadores da campanha criticam o governo, apontado como responsável pela situação.

No entanto, o governo de Cuba continua a afirmar que o principal motivo da crise econômica e sanitária é o embargo financeiro e comercial imposto pelos Estados Unidos.

Fonte>R7