Estudo: CoronaVac tem 83,5% de eficácia contra covid sintomática





A necessidade da produção rápida de vacinas contra a covid-19 fez com que os estudos clínicos de fase 3, aqueles que compravam eficácia, segurança e efeitos adversos dos imunizantes, fossem feitos a medida que a população mundial está sendo vacinada. A CoronaVac, produzida no Brasil pelo Instituto Butantan, tem apresentado resultados positivos nas análises feitas por cientistas. 

Uma pesquisa desenvolvida por duas universidades de medicina da Turquia e publicada na revista científica The Lancet, na noite de quinta-feira, mostrou que duas doses do imunizante apresenta uma eficácia de 83,5% contra a covid-19 sintomática. 

Os cientistas analisaram 10.218 adultos, entre 18 e 59 anos, de 14 de setembro de 2020 a 5 de janeiro de 2021, em 24 centros de análises da Turquia. Os voluntários foram aleatoriamente designados a receber duas doses da vacina ou placebo (substância sem efeito). 

O ensaio apresentou, no total, 150 infectados e confirmados por teste PCR, após 43 dias em média da vacinação, o que representa uma taxa de incidência de 123 casos por 1.000 pessoas por ano.

A partir de 14 dias após a segunda dose, foram testados nove casos de covid-19 sintomáticos no grupo vacinal, uma taxa de incidência de 32 casos por 1.000 pessoas por ano. Entre os voluntários que receberam placebo, foram notificados 32 casos, uma taxa de incidência de 192 casos por 1.000 pessoas no ano. Após análise, os autores estimam que isso equivale a uma eficácia vacinal de 83,5%.

Outro achado do estudo mostra que a CoronaVac induziu a produção de anticorpos em 90% das pessoas que receberam o imunizante. Os pesquisadores observaram que a resposta do sistema imune diminuiu com o aumento da idade em homens e mulheres.

Os cientistas também verificaram os efeitos adversos e concluíram que a vacina não apresentou nenhum impacto grave aos voluntários. 90% das reações relatadas foram leves, incluindo fadiga, dor no local da injeção e mialgia (dores musculares).

Não foram registrados eventos adversos graves ou mortes durante o período de estudo, sendo apenas seis participantes no grupo vacinal e um no grupo placebo tiveram de ser retirados do estudo devido a eventos adversos. Apenas um voluntário precisou ser hospitalizado devido a uma reação alérgica ao imunizante. 

Os autores reconhecem que a análise incluiu um curto período de acompanhamento e envolveu uma população relativamente jovem e de baixo risco. Afirmaram que são necessários mais dados sobre a duração da proteção e da eficácia da vacina em idosos, adolescentes, crianças pequenas, e em pessoas com comorbidades. Além de ser necessário analisar a eficiência da CoronaVac contra as variantes de preocupação.

Os voluntários receberam doses com 14 dias de intervalo, enquanto a imunização comunitária envolveu um intervalo de 28 dias. Mesmo tendo sido alegado que os esquemas de imunização de 28 dias aumentam a imunogenicidade (capacidade de uma substância provocar resposta imune no organismo humano), os cientistas alertam que quanto maior o intervalo, maiores são as chances de infecção com o SARS-CoV-2 antes da imunização completa.


Fonte:R7