Olaf Scholz é eleito chanceler e Alemanha encerra era Merkel

 



O social-democrata Olaf Scholz foi eleito nesta quarta-feira (8) chanceler da Alemanha no Parlamento e sucederá Angela Merkel, que passou 16 anos no cargo de chefe de Governo.

Scholz, de 63 anos, venceu a votação secreta com 395 votos do total de 736 deputados. Ele vai liderar uma coalizão de governo formada por social-democratas, ecologistas e liberais.

"Sim", respondeu Scholz à presidente do Parlamento, Bärbel Bas, ao ser questionado se aceitava o resultado da votação. O presidente da República, Frank-Walter Steinmeier, entregará ao social-democrata o documento que oficializa sua nomeação e marca o início de seu mandato.

Scholz posa com certificado de nomeação após ser eleito chanceler da Alemanha

Scholz posa com certificado de nomeação após ser eleito chanceler da Alemanha

ODD ANDERSEN/AFP - 08.12.2021

Scholf prestará juramento, ao lado de seus ministros, diante dos deputados, nas próximas horas. Sua eleição como o nono chanceler da Alemanha após a guerra não era objeto de dúvidas, pois o Partido Social-Democrata (SPD) venceu as legislativas com 206 deputados eleitos, contra 197 do partido conservador União Democrata Cristã de Merkel.

Scholz é apoiado pelo Partido Verde (118 cadeiras) e pelo Partido Democrático Liberal (FDP, 92), que integram a nova coalizão de governo.

O resultado da votação marca o fim do governo de Angela Merkel após quatro mandatos. Por apenas nove dias, a emblemática chefe de Governo não bateu o recorde de longevidade no poder de Helmut Kohl.

O chanceler alemão Olaf Scholz faz juramento à presidente do Parlamento, Bärbel Bas

O chanceler alemão Olaf Scholz faz juramento à presidente do Parlamento, Bärbel Bas

JOHN MACDOUGALL/AFP - 08.12.2021

Governo paritário


Merkel, que recebeu várias homenagens nas últimas semanas, deixará a chancelaria em definitivo após uma cerimônia de transferência de poder com Scholz, adversário e ao mesmo tempo aliado, pois foi seu ministro das Finanças e vice-chanceler nos últimos quatro anos.

Merkel, ainda muito popular, encerra 31 anos de carreira política, metade deles à frente do governo da maior economia europeia e quarta mundial.

Ficha de Angela Merkel, chanceler alemã por 16 anos

Ficha de Angela Merkel, chanceler alemã por 16 anos

VALENTINA BRESCHI, GAL ROMA, GIULIO FURTADO/AFP - 23.9.2021
Comparação dos anos no poder de Angela Merkel com os mandatários de uma seleção de países

Comparação dos anos no poder de Angela Merkel com os mandatários de uma seleção de países

SOPHIE RAMIS, THOMAS SAINT-CRICQ, MARIA-CECILIA REZENDE/AFP - 23.9.2021

Scholz vai liderar um governo integrado pela primeira vez na Alemanha pelo mesmo número de homens e mulheres.

Três mulheres comandarão ministérios cruciais: a ecologista Annalena Baerbock será a titular das Relações Exteriores e as social-democratas Christine Lambrecht e Nancy Faeser estarão à frente das pastas da Defesa e Interior, respectivamente.

Também pela primeira vez desde os anos 1950, o ministério alemão terá nomes de três partidos. Apesar dos programas eleitorais muitas vezes divergentes, SPD, Verdes e FDP conseguiram estabelecer uma agenda que se concentra na proteção do clima, no rigor orçamentário e na questões da Europa.

Christian Lindner, líder dos liberais e defensor da austeridade orçamentária, vai comandar o ministério das Finanças.

Crise de saúde


A nova coalizão terá que enfrentar a crise de saúde provocada pela Covid-19, com os hospitais sob forte pressão.

A onda de contágios levou o governo a adotar restrições severas para os não vacinados, que não podem entrar em restaurantes, locais culturais e, em algumas regiões como Berlim, nas lojas.

A estratégia do novo Executivo passa pela obrigatoriedade da vacina, desejada por Scholz e que pode ser adotada a partir de fevereiro ou março.

O líder social-democrata, ex-prefeito de Hamburgo, designou como ministro da Saúde Karl Lauterbach, médico de formação e partidário de medidas restritivas.

O novo governo também terá muito trabalho no cenário internacional, em um momento de agitação geopolítica com Rússia e China.

Scholz não comentou até o momento o "boicote diplomático" anunciado pelos Estados Unidos contra os Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim-2022, mas a nova chefe da diplomacia não descarta seguir os passos de Washington.

Annalena Baerbock prometeu adotar um tom mais firme que o governo anterior com a Rússia, que reforçou a presença de tropas na fronteira com a Ucrânia e provoca o medo de uma possível invasão.

Como estabelece a tradição, Scholz reservará sua primeira visita ao exterior ao presidente francês Emmanuel Macron, que deve recebê-lo na sexta-feira.

E Baerbock participará no fim de semana de uma reunião em Liverpool com os ministros das Relações Exteriores do G7.

Fonte:R7