Vacina brasileira: 1ª dose será aplicada nesta semana em Salvador

 




O estudo clínico de fase 1 de uma vacina nacional contra a Covid-19 começará nesta semana, com a aplicação da primeira dose na quinta-feira (13) em Salvador (BA). O imunizante RNA MCTI Cimatec HDT é baseado na tecnologia de RNA replicon autoamplificante, capaz de codificar a proteína spike do coronavírus causador da Covid-19.

A aplicação da primeira dose do imunizante faz parte do estudo clínico de fase 1 e será realizada na capital baiana, na sede do Senai-Cimatec (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – Campus Integrado de Manufatura e Tecnologia), que conduz a pesquisa, desenvolvida em parceria com a HDT Bio Corp, RedeVírus MCTI, com financiamento do MCTI (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações).

Nesta etapa, serão avaliadas a segurança, reatogenicidade e imunogenicidade da vacina contra o coronavírus. Segundo o governo, o imunizante possui nível tecnológico comparável ao dos imunizantes utilizados no mundo, como as vacinas da Moderna e da Pfizer.

O evento contará com a presença do ministro Marcos Pontes (Ciência, Tecnologia e Inovações). "No dia 13 de janeiro vamos começar a aplicação dos testes clínicos com a vacina que o MCTI desenvolveu em parceria com o Cimatec. Essa é uma vacina feita por cientistas brasileiros em parceria com cientistas americanos, então é uma vacina muito importante para o desenvolvimento desse tipo de tecnologia, não só para a pandemia de Covid-19, mas também para outras pandemias. É importante o Brasil dominar essas tecnologias", afirmou Pontes ao R7.

AstraZeneca X Fiocruz

Do início dos estudos com seres humanos podem participar pessoas com as seguintes características: ter entre 18 e 55 anos e não ter sido imunizado com vacina contra a Covid-19 ou ter sido imunizado com até duas doses.

As fases 1 e 2 deverão contar com 360 pacientes cada uma, ao custo de R$ 30 milhões. Após a comprovação da eficácia e segurança, a fase 3 deverá contar com cerca de 20 mil pessoas – esta, por sua vez, ao custo de R$ 300 milhões.

O ministério comandado por Pontes investe, desde 2020, no desenvolvimento de 15 vacinas nacionais para o enfrentamento da pandemia no país e no mundo. Em 2021, a Pasta destinou R$ 105 milhões ao financiamento de testes clínicos de fases 1 e 2 dos imunizantes brasileiros. Quatro imunizantes foram selecionados nessa etapa: além do RNA MCTI Cimatec HDT, as vacinas SpiNTec MCTI UFMG, Versamune MCTI e UFRJVac MCTI.

A declaração sobre a aplicação da primeira dose da vacina nacional foi dada por Pontes durante evento realizado no Planetário de Brasília neste domingo (9), data em que se comemora o Dia do Astronauta. O ministro é o único brasileiro que foi ao espaço e o primeiro astronauta e cosmonauta profissional a representar oficialmente um país do Hemisfério Sul no espaço.

O imunizante citado por Pontes não é o mesmo aprovado nesta semana pela Anvisa, que concluiu o processo para que o país comece a distribuição da vacina AstraZeneca produzida 100% em território nacional. A novidade, nesse caso, é a aprovação do IFA (Insumo Farmacêutico Ativo) fabricado no Brasil pela própria Fiocruz.

Com a conclusão do processo, toda a produção da AstraZeneca será feita no país e não dependerá mais da importação do IFA. A transferência de tecnologia começou a ser negociada em 2020 e foi formalizada em junho de 2021.

Pontes avalia a conclusão do processo da Anvisa para viabilizar a produção do imunizante no país como positiva. "É um ganho gigantesco para o Brasil", disse.

Vacinação infantil

O ministro Marcelo Queiroga (Saúde) também participou do evento. Questionado sobre o início da vacinação infantil, informou que as doses serão distribuídas aos estados e municípios a partir do dia 13 de janeiro "para que a vacinação possa ser feita atendendo aos desejos dos pais".

Queiroga declarou ainda que o ministério vai anunciar, nesta segunda-feira (10), a posição sobre a possível redução do prazo de quarentena em casos positivos assintomáticos de Covid-19.

"Amanhã teremos uma posição. Amanhã nós vamos anunciar qual será a posição do ministério sobre esse tema", afirmou Queiroga. O ministro disse que a Pasta ainda estuda a colocação de servidores assintomáticos no atendimento direto aos pacientes com Covid-19. "Vamos verificar como é o encaminhamento da pandemia", complementou.

A reportagem perguntou ao ministro sobre as críticas feitas pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) à Anvisa em relação ao processo de imunização infantil, mas Queiroga não respondeu.

Fonte:R7