Golpista usa foto de jornalista morto para pedir dinheiro à família via WhatsApp

 




A família do jornalista Leandro Tavares, que morreu vítima da Covid-19 em junho do ano passado, está revoltada. Um golpista, se passando por ele, entrou em contato com a mãe do rapaz pelo WhatsApp nesta segunda-feira, 31, e pediu dinheiro. A família registrou boletim de ocorrência virtual.

Trecho da conversa em que o golpista alega ser o filho da idosa | Foto: Reprodução

Nesse tipo de golpe, os criminosos usam a foto de perfil de alguém e entram em contato com familiares e amigos da vítima. Eles alegam que trocaram de número recentemente e que precisam de dinheiro para pagamento urgente. A orientação da polícia é nunca efetuar transferência sem checar diretamente com o parente sobre o pedido – de preferência pessoalmente ou por ligação.

A dona de casa Donância Tavares, 64 anos, levou um susto ao ver a sua foto junto com o filho. “Recebi ligações no telefone e não falava nada. O DDD era o 17. Foram cinco ligações pelo menos. Escreveu no WhatsApp: ‘mãe é o Leandro’. Achei que era trote, mas sei lá. Achei que ele (filho) queria falar comigo de alguma forma. Do além”, disse Donância ao atribuir a sua reação à saudade do filho.

A mãe disse que quando recebeu as ligações tentou ir até um ponto do imóvel para melhorar o sinal da internet, na tentativa de estabelecer o contato. “Percebi que tinha algo errado quando me pediram para fazer uma transferência bancária”, disse Donância, que resolveu ligar para sua outra filha.

“Teve hora que eu achei que era ele (Leandro)”, afirmou a mãe do rapaz. “Chorei muito ontem (segunda-feira). Foi muito difícil”, disse Donância, que não realizou nenhum pagamento ao golpista.

A diretora de escola Léia Tavares, 39 anos, irmã de Leandro, ficou revoltada com a situação. “É o nível da maldade dessas pessoas, que deve servir de alerta. Esse pessoal não tem limite. Falta amor ao próximo e empatia”, afirmou.

Léia disse que falou com a mãe, que estava chorando. “Minha mãe me disse que sabia que ele (Leandro) não está mais entre nós, mas achou que fosse o Leandro. A voz era parecida e estava pedindo ajuda. Nós fizemos um boletim de ocorrência online”, afirmou a irmã, que disse já ter sido alvo de golpe no Instagram.

O delegado assistente do 2º Distrito Policial Amaury Scheffer de Oliveira Junior afirmou que, em tese, o caso configura crime de estelionato. A abertura de inquérito policial vai depender da representação da vítima, que fez o boletim de ocorrência.

“É um caso diferente porque o golpista usou a fotografia de uma pessoa que já está morta. Uma história até inusitada em que o golpista se deu mal porque não recebeu nenhum valor”, afirmou o delegado.