Ataque russo a edifício residencial em Kiev deixa dois mortos

 




Pelo menos duas pessoas foram mortas na manhã desta terça-feira (15) em ataques a áreas residenciais em Kiev, antes da esperada retomada das negociações entre a Rússia e a Ucrânia que começaram na segunda-feira para encerrar o conflito.

Parcialmente cercada por tropas russas, a capital ucraniana acordou com três grandes explosões. Os serviços de emergência informaram posteriormente que correspondiam a ataques a áreas residenciais em diferentes distritos.

Em Sviatoshyn, a oeste de Kiev, um bombardeio atingiu um prédio de 16 andares onde "os corpos de duas pessoas foram recuperados e 27 pessoas foram resgatadas", disseram os socorristas em um comunicado no Facebook.

Houve também um ataque sem vítimas a uma casa em Osokorky, no sudeste, e fogo de artilharia que causou um incêndio posteriormente extinto em um prédio residencial em Podilsk, no noroeste, onde uma pessoa foi hospitalizada.

Em Podilsk, coberto de vidro e detritos, uma coluna de fumaça saiu do enorme buraco deixado pelo impacto enquanto os vizinhos jogavam as ruínas de suas casas pelas janelas quebradas, disse um jornalista da AFP.

O ataque ocorre antes da retomada planejada das negociações entre os dois lados que começaram por videoconferência na segunda-feira e que, segundo o presidente ucraniano Volodmir Zelenski, correram "muito bem". "Mas veremos, eles continuarão amanhã (terça-feira)", acrescentou.

No papel, as posições são distantes. Moscou exige que a Ucrânia se retire da Otan e reconheça as regiões separatistas pró-Rússia no leste do país, cuja independência foi reconhecida pelo presidente russo Vladimir Putin dias antes da invasão que começou em 24 de fevereiro.

Por sua vez, Kiev pede um cessar-fogo imediato e a retirada das forças russas de seu território.

Anteriormente, ambos os lados realizaram três reuniões presenciais em Belarus, além de uma reunião de seus respectivos ministros das Relações Exteriores na Turquia.

Quase três semanas depois que Putin lançou uma invasão em grande escala da antiga república soviética, as forças russas bombardearam e cercaram várias cidades e vilas ucranianas.

A capital viu sair metade de seus 3 milhões de habitantes e é cercada pelo norte e pelo leste. Apenas as estradas ao sul permanecem abertas, onde as autoridades municipais estabeleceram postos de controle e os moradores estão estocando alimentos e remédios.

Kiev é "uma cidade sitiada", disse um conselheiro de Zelenski.

As Nações Unidas estimam que 2,8 milhões de pessoas fugiram do país e que cerca de 636 civis morreram, embora se suspeite que o saldo real seja maior.

Mais lento do que o esperado 

No entanto, o progresso das Forças Armadas russas, mais poderosas do que as ucranianas, tem sido mais lento e problemático do que o esperado.

O chefe da guarda nacional russa, Viktor Zolotov, admitiu que a operação "não está indo tão rápido quanto gostaríamos", mas ressaltou que a vitória virá passo a passo.

Até agora, Vladimir Putin ordenou que suas forças "contivessem qualquer ataque imediato às grandes cidades", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, embora não tenha descartado a possibilidade de trazer essas grandes cidades, "já quase cercadas, a seu controle total".

Uma dessas cidades sitiadas é Mariupol, na costa do mar de Azov, no sudeste, onde as autoridades garantiram que quase 2.200 pessoas morreram.

Na véspera, cerca de 210 veículos conseguiram sair pela primeira vez em vários dias por um corredor humanitário daquela cidade, cujos habitantes passaram dias em porões sem água, eletricidade, aquecimento ou comida.

O Estado-Maior ucraniano informou à noite que suas tropas repeliram um ataque de cerca de 150 soldados russos contra a cidade e que as forças de Moscou planejam "reforçar o reagrupamento de tropas na direção de Kharkiv", a segunda cidade do país, situada no nordeste.

Os aliados ocidentais da Ucrânia impuseram duras sanções à Rússia, onde vozes dissidentes do Kremlin aparecem apesar da repressão e censura impostas.

Durante o noticiário mais visto do país, uma funcionária entrou no estúdio com uma faixa que dizia "Não à guerra. Não acredite na propaganda". A mulher foi presa e levada para a delegacia, segundo a ONG OVD-Info.

Fonte:R7