Pretos e pardos representam 57% dos mortos por policiais em 2021

 



Os homens pretos e pardos correspondem a 56,67% das 480 mortes decorrentes de intervenções policiais em São Paulo no ano passado. É o que revela um levantamento da Ouvidoria da Polícia do estado, divulgado na quarta-feira (20).

Os brancos estão envolvidos em 23,54% das mortes. Há ainda 19,79% de casos em que a cor de pele dos atingidos não foi divulgada. Todos as fatalidades em intervenções de policiais militares e civis foram de homens em 2021. 

O relatório da Ouvidoria critica a diferença e cita a proporção de raças no estado de São Paulo de acordo com o último Censo Demográfico, de 2010: 63,9% de brancos, 29,1% pardos e 5,5% pretos. 

"Mesmo que depois de 11 anos esses dados estejam defasados, a diferença é muito significativa, indicando a persistência do racismo estrutural contra a população negra nas mortes por intervenção policial, que são praticamente o dobro em relação à sua participação no número de habitantes no Estado", diz o documento. 

Os dados mostram ainda uma queda de 44% na letalidade policial na comparação entre 2019 e 2021, com redução de 379 pessoas mortas. Foram registradas 859 mortes em 2019, caiu para 705 em 2020 e, no ano passado, foram 480 óbitos.

redução expressiva é considerada por especialistas como um dos maiores trunfos da gestão Doria na segurança pública.

O discurso de Doria favorável à letalidade policial começou a perder força a partir do massacre na comunidade de Paraisópolis, em 2019, quando nove jovens entre 23 e 14 anos foram pisoteados até a morte em ação da Polícia Militar durante baile funk. O ano seguinte ainda teria o primeiro semestre com mais mortes provocadas por policiais em 25 anos

Em resposta, a gestão trocou o comando da PM, instalou câmeras nos batalhões, retreinou os agentes e instalou comissões junto à sociedade civil para investigar os números de letalidade policial, ações citadas por pesquisadores da área para explicar a queda das estatísticas.