Um paciente, de 21 anos, da Santa Casa de São Carlos, teve os órgãos doados nesse sábado (02/04) para a realização de transplantes. O jovem morreu no dia 31 de março e a família autorizou a doação.
A tia do jovem, Cristiane da Graça Barbosa, deu um depoimento bastante emocionado sobre o porquê da decisão em fazer a doação. “A dor é grande, é uma dor que só o tempo vai curar, para mim que sou tia, amigos e familiares. Mas a decisão de doar é que a gente estaria salvando outras vidas. Mesmo tendo essa perda irreparável para nós, a gente teve o intuito de estar salvando outras vidas, e ele continuar vivo em outras pessoas”, afirma a tia.
A equipe do Albert Einstein, que veio da capital, chegou à São Carlos em um avião fretado pelo hospital, logo pela manhã. Já os médicos do HC de Ribeirão vieram de carro. Todo o procedimento durou cerca de 9 horas. Os pulmões, rins, fígado e córneas puderam ser doados para pacientes que aguardam por transplantes no Sistema Nacional de Transplantes, que é responsável pela regulamentação, controle e monitoramento do processo de doação e transplantes realizados no país.
Os órgãos transplantados foram colocados em caixas térmicas. Os pulmões foram levados pela ambulância do Samu ao Aeroporto Mario Pereira Lopes, de onde decolou o avião rumo ao Einstein em São Paulo. Os rins e as córneas vão ser transplantados no HC de Ribeirão Preto e o fígado em São José do Rio Preto.
O cirurgião torácico do Hospital Albert Einstein, Oswaldo Gomes Junior, explica que o transplante de pulmões é mais raro devido à dificuldade de captação do órgão. “O pulmão é um órgão muito específico, porque há uma dificuldade de doadores, que chamamos de ideais. Porque normalmente precisa ser um paciente jovem, que não tenha fumado muito, não tenha ficado intubado por muito tempo, porque esses pacientes, acabam tendo pneumonia e com a COVID-19, que acomete principalmente o pulmão, nós tivemos uma diminuição na captação. Por isso, as campanhas são tão importantes. A conscientização das pessoas e trabalhos como esses feitos aqui são fundamentais para conseguir ter um sucesso de transplante desse tipo de órgão”, conclui o médico.
Em 2021, a Santa Casa de São Carlos realizou 4 captações de órgãos. E a última captação de múltiplos órgãos como a realizada neste sábado, ocorreu em 2019, antes da pandemia.
O Coordenador de Enfermagem e integrante da Comissão de Captação de Órgãos, Tiago Clezer, reforça a importância de doações como essa. “Cada família que autoriza uma doação, cada captação múltipla de órgãos como essa, pode salvar até 8 vidas. Por isso, é tão importante que, apesar de ser um tema difícil de ser discutido em casa, as famílias falem sobre isso. Sabemos que é um momento de dor para os familiares. Mas é uma decisão que pode mudar a vida de tantas famílias”, ressalta.