Reabertos há dois meses, depois de uma interdição pela tragédia que vitimou dez pessoas em 8 de janeiro, quando uma rocha desabou e atingiu embarcações no lago de Furnas, em Minas Gerais, os passeios nos cânions têm seguido novos protocolos de segurança.
Um decreto publicado pela prefeitura em março definiu a reabertura parcial do atrativo, entre os mais procurados da região, com a avaliação geológica diária das rochas e o uso obrigatório de equipamentos de segurança, entre outras medidas.
A reportagem do R7 acompanhou um passeio no local, na tarde da quarta-feira (29), com uma empresa que organiza e realiza essas atividades no chamado "mar de Minas". O lago artificial, que banha 34 cidades da região do sudoeste mineiro, é conhecido assim devido à sua extensão (1.440 km²).
A embarcação passa por algumas das principais atrações, como a Usina Hidrelétrica de Furnas e a cachoeira Lagoa Azul, onde o uso de colete salva-vidas e capacete é opcional.
Nos trechos dos cânions, bem como em qualquer local do lago, o uso dos equipamentos de segurança torna-se obrigatório para crianças de até 12 anos ou idosos. Ali, desde a reabertura, a entrada de embarcações é controlada e ocorre com fluxo reduzido
Nesses espaços, boias de demarcação amarelas delimitam o espaço por onde as lanchas podem circular, a fim de que não haja nenhum risco para os viajantes e a tripulação.
“Todos os dias, a partir da manhã, a equipe de geólogos faz uma avaliação e libera [a área] para que tenha visitação. Se não for liberado, como quando está chovendo, o local é interditado”, diz Marco Antônio, proprietário de uma das empresas responsáveis por esses passeios, que também cita o uso dos equipamentos de segurança e o termo de anuência com orientações sobre as regras de visitação, assinado pelos passageiros.
Segundo Marco, o termo é também uma forma de gerar reflexão entre os visitantes sobre a necessidade de cuidados para que a viagem seja feita com segurança, mantendo-os atentos aos protocolos a serem seguidos.
Marco relata que, desde o retorno das atividades, apesar do acidente, o movimento de turistas que procuram seu serviço está aumentando aos poucos, mas a expectativa é de melhora real nos últimos meses do ano.
Boias de demarcação indicam o limite de acesso para embarcações
GUILHERME PADIN/R7“Tá até bom. Como estamos no inverno, não está aquele movimento muito forte, mas está voltando ao normal. Com o verão entrando, acreditamos que o movimento voltará ao normal novamente. Não é como no verão, que é a época de mais procura, mas já temos tido um bom movimento", afirma.
Quase dois meses após aquele 8 de janeiro, a Polícia Civil apresentou o inquérito sobre o acidente, concluindo que se tratou de um desastre natural, ou seja, sem culpados. Marco Antônio observa da mesma maneira: “Nunca tinha acontecido nada parecido antes. Não dava pra imaginar, foi um desastre”.
Para além dos protocolos previstos no decreto municipal, com caráter temporário, a prefeitura planeja uma obra de contenção dos cinco pontos que apresentam risco iminente de queda de rochas.
A previsão é que a construção com telas de aço ocorra até o ano que vem – enquanto isso, as medidas definidas no decreto continuam valendo.
“Ainda não temos como afirmar o que vamos fazer, mas vamos fazer a obra de contenção, e em seguida um novo estudo, um novo ordenamento dos cânions, então não podemos adiantar o que será feito, porque vai acontecer através do trabalho dos geólogos. Eles vão trazer essa segurança pra gente, porque é um trabalho técnico, profissional, qualificado, isso traz pra gente muita segurança no que estamos fazendo”, diz Lucas Arantes, secretário de Turismo de Capitólio.
Segundo anunciou o prefeito Cristiano Gerardão, no fim de março, a intenção é contar com a parceria dos governos estadual e federal para executar a obra.
O decreto da Prefeitura de Capitólio definiu as seguintes medidas obrigatórias para a reabertura parcial do passeio nos cânions do lago de Furnas:
• análise diária para avaliação geológica do atrativo;
• uso de capacete proteção e colete salva-vidas;
• apresentação do termo de anuência e aceite, assinado por todos os passageiros da embarcação, contendo orientações expressas sobre as novas regras de visitação;
• uso de capacete de proteção e colete salva-vidas em todo o circuito dos cânions;
• interrupção dos passeios em qualquer ponto dentro do cânion em caso de chuvas e/ou verificação de algum tipo de deslocamento ou movimentação de blocos rochosos ou de solo;
• delimitação de circuito das embarcações para que a visitação ocorra de forma rotativa;
• proibição de circulação para além das boias de demarcação;
• proibição da navegação a 3 nós (velocidade);
• proibição da entrada de embarcações acima de 32 pés;
• horário de funcionamento das 9h às 16h, de segunda a sexta-feira, e das 8h às 18h, nos fins de semana e feriados.
Fonte>R7