Moradores de condomínio em pânico afirmam que Rumo solucionou somente o problema da empresa





“Estamos vivendo em pânico todo o dia. É só chover, começamos a olhar o Monjolinho, pois o nível da água sobe rapidamente”. Com esta frase o engenheiro e síndico do Condomínio Dona Elisa, Marcelo Lopes Dall’Antonia definiu as obras emergenciais realizadas pela Rumo, empresa que cuida da linha férrea em São Carlos, após o desmoronamento de parte do barranco que sustentava os trilhos e que por pouco não causou o descarrilamento de um comboio após a destruidora enchente que abalou São Carlos na quarta-feira, 28 de dezembro.


Neste dia, moradores do condomínio sofreram com a enchente que invadiu o estacionamento e danificou 25 veículos, além de fazer com que oito famílias que moram no térreo perdesse todos os bens. Outros quatro apartamentos são de responsabilidade de uma faculdade rio-pretense que cede para alunos que realizam externato na Santa Casa de São Carlos.


INDIGNADO, REVOLTADO, PREOCUPADO


O São Carlos Agora entrevistou Marcelo na manhã desta quarta-feira, 4, mesmo dia em que choveu apelas 15 mm durante a noite e foi o suficiente, segundo ele, para que as águas do Monjolinho subissem 2,5 metros até o pontilhão, cujas obras estariam concluídas. Morador há 12 anos no Dona Elisa, ele chegou a fazer um vídeo e postar em suas redes sociais sobre um iminente perigo.


“Os comboios voltaram a passar sobre o pontilhão. Mas a Rumo fez somente uma obra que beneficiou somente um lado dos envolvidos. Ninguém foi visitar os moradores do condomínio e ver as suas dificuldades. Nem diretores da empresa e muito menos políticos”, lamentou.


Segundo ele, o medo é o “parceiro”, hoje dos moradores do Dona Elisa. “Se chover um pouco mais forte, vai inundar novamente o prédio. Não precisa chover para causar grandes estragos, mas o suficiente para que três rios que se unem na rotatória do shopping venham até este “novo” pontilhão e sem a vazão ideal, vamos sofrer”, garantiu.


Segundo Marcelo, ele obteve informações que somente em 180 dias serão apresentados projetos para realizar uma obra que seria definitiva para o local. “Até lá, temos que rezar para não chover forte e conviver com esta tal obra emergencial que reconstruiu o pontilhão mas estrangulou a vazão do Monjolinho. É um problema grave e que não teve a atenção que deveria ter de todos os envolvidos”, assegurou.


Indagado pela reportagem como se sente como cidadão são-carlense que passou por um grande problema, Marcelo suspirou fundo antes de responder.


“Não sei. Estou sem chão. É difícil falar. Quando vi hoje o nível do Monjolinho subir, recebi um telefonema da minha esposa (Andreia) que chorava, dizendo que meus filhos estavam assustados. Pedi para levar eles para a casa da mãe dela e orientar os outros moradores. Agora nossa vida é ficar olhando o rio e o medo de novas enchentes. A revolta é grande com esta tal obra emergencial”, finalizou.


O QUE DIZ A PREFEITURA


Segundo o secretário de Obras, João Muller, será realizada uma vistoria no local para verificar a vazão.


O QUE DIZ A RUMO


De acordo com a empresa, a obra emergencial sobre o Córrego do Monjolinho, cuja primeira etapa foi concluída pela Rumo na segunda (dia 02/01), resultará numa ponte com tamanho adequado à necessidade atual do ponto. A medida paliativa adotada imediatamente corresponde à primeira etapa de uma solução de engenharia mais complexa, cujo cronograma de execução está sendo elaborado pelas áreas técnicas da concessionária, com a máxima urgência.