‘A Baleia’ pode render Oscar a Brendan Fraser

 



O ator Brendan Fraser pode levar seu primeiro Oscar por sua interpretação em “A Baleia” (2023), de Darren Aronofsky. Favorito à estatueta, o ator está vivendo com esse trabalho um “renascimento” em Hollywood. O protagonista de sucessos como a saga “A Múmia” sumiu das telonas e foi condenado ao ostracismo nos últimos anos. O longa-metragem estreou nos cinemas brasileiros no final de fevereiro.

O roteiro de Samuel D. Hunter, inspirado em uma peça de sua própria autoria, acompanha Charlie, um professor de literatura com obesidade mórbida. Enfrentando graves problemas cardíacos, ele recebe cuidados de Liz (Hong Chau), uma amiga que é enfermeira e que alerta para um agravamento em seu estado de saúde. Isso ativa em Charlie uma urgência de se reconectar com a filha Ellie (Sadie Sink), uma adolescente extremamente problemática.

O filme vai revelando a trajetória de Charlie, com suas tristezas, traumas e arrependimentos. Nesse sentido, a obesidade do personagem e a compulsão alimentar que a provocou são um efeito (e não a causa) de seu sofrimento.

“A Baleia” trabalha a obesidade de Charlie a partir de duas perspectivas – enquanto doença, expondo em imagens explícitas toda a dificuldade de sua condição; e como discriminação, deixando nítido em seu apartamento escuro e com cortinas cerradas que ele sente vergonha de si mesmo.

Em seu vídeo no YouTube onde analisa o filme, a crítica de cinema Isabela Boscov lembra que o corpo é o ponto de encontro do ser humano com o mundo, a forma como se experimenta estar vivo, o palco onde se vivem todas as angústias existenciais. Nesse sentido, a marginalidade à qual as pessoas obesas são condenadas pela sociedade é especialmente cruel e destrutiva.

Controvérsia
“A Baleia” tem sido alvo de duras críticas, que apontam problemas na forma como pessoas obesas são representadas. O foco no corpo do personagem, a forma explícita como ele é apresentado e as reações das pessoas à sua imagem também são vistos como problemáticos, pois estariam espetacularizando a obesidade e contribuindo para estimular o preconceito.

O diretor também foi criticado pela escolha de Brandan Fraser para o papel, ao invés de uma pessoa com obesidade real. Aronofsky justificou que o cronograma de produção seria exaustivo e, de uma perspectiva da saúde, proibitivo a uma pessoa lidando de verdade com essas questões.

Sob camadas de enchimentos e próteses, Brendan Fraser entrega uma atuação incrível. O suposto “otimismo” do personagem diante das dificuldades parece, sob a atuação de Fraser, muito mais uma tentativa desesperada de encontrar uma redenção para uma vida que ele sabe que está no fim e de onde carrega tantas perdas.

A carreira de Fraser nas grandes produções estava praticamente acabada. Após denunciar em 2018 o abuso que sofreu de um profissional ligado ao Globo de Ouro, o ator entrou em depressão. “A Baleia” marca uma virada na carreira. Darren Aronofsky consegue tirar dele uma atuação profunda e comovente, gerando empatia sem apelar para a piedade do público.

Independente das polêmicas, o trabalho de Fraser merece todo o reconhecimento. “A Baleia” também concorre ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante para Hong Chau e Melhor Maquiagem e Penteados.

Fonte:R7