Namoro entre adolescentes: como os pais podem lidar com essa questão?

 



Alguns mais cedo, outros mais tarde, mas em algum momento pré-adolescentes e adolescentes despertam para a possibilidade de terem um relacionamento amoroso. E quando essa hora chega, é fundamental que a família já tenha uma relação de confiança, inclusive para compartilhar informações confiáveis sobre sexualidade.

“Esse momento vai chegar. Que a família, dentro de seus valores e conceitos de ética, conduza de forma que isso não se torne uma experiência traumática para o adolescente”, introduz Marta Maria Pasquali, professora, palestrante e consultora em sexualidade educacional que atua em Americana.

Marta Maria Pasquali é professora, palestrante e consultora em sexualidade educacional em Americana – Foto: Junior Guarnieri / Liberal

“Quando perguntamos para os mais velhos ‘qual foi o seu primeiro amor’, isso traz sentimento, uma lembrança que não se apaga, fica registrada na nossa memória. Então, que esse momento não se torne traumático, mas que seja vivido dentro dos limites. E os limites, cada família coloca, não existe uma receita”, diz.

A especialista listou recomendações para pais e responsáveis lidarem melhor com a vontade dos adolescentes de iniciar um namoro. Confira!

1- Entenda o interesse
As alterações hormonais típicas da adolescência têm acontecido cada vez mais cedo, observa Marta. “Então, surge a curiosidade. Cada um é único, tem uma produção hormonal diferente e interesses diferentes também, mas precisamos pensar que o sexo é uma necessidade fisiológica”, diz. 

“O que contribui para uma antecipação no desejo de namorar é a própria sociedade, o meio em que o adolescente está inserido. Se tem contato com colegas da mesma idade que estão namorando, vai despertar a curiosidade, mesmo sem uma produção hormonal, fazendo com que ele queira iniciar um relacionamento”, destaca Marta.

2- Ajude na conceituação dos sentimentos
“De uma maneira lúdica, mostrar o que é amor, paixão e desejo, conceitos que os adolescentes precisam entender. O desejo vem da necessidade fisiológica, existe a paixão, e o amor é um estado mais profundo”, acrescenta.

3- Construa a confiança
As crianças começam a apresentar curiosidades, perguntas e inquietações a partir, mais ou menos, dos 3 anos de idade, quando percebem os sexos masculino e feminino. A tendência é que iniciem as perguntas, que devem ser respondidas com sinceridade, clareza e respeito à idade e mentalidade da criança.

Assim, as conversas edificam a confiança entre as partes. Mas quando a criança percebe uma resposta mentirosa, tende a se fechar para novos diálogos. O canal aberto também é essencial para prevenir ou agir em casos de violência sexual.

“Se isso não acontece em casa, onde se inicia a educação em sexualidade, o segundo ambiente é o escolar. A criança vai buscar uma pessoa que seja referência para ela. Depois, vem os amigos e, por último, a internet. Então, nós, enquanto família e escola, precisamos atender às expectativas, para que elas não tenham informações inverídicas”, afirma Marta.

4- Faça perguntas
É um erro olhar para os relacionamentos entre crianças e adolescentes com a malícia dos adultos. O ideal é fazer perguntas. “Busque saber quem é e porque o adolescente gosta dessa pessoa, o que ela fez de especial nesse momento, o que eles estão sentindo, mas sem repressão”, orienta. 

Perguntas importantes a serem feitas são “o que vocês fazem quando namoram” ou “como vocês pretendem namorar”. As crianças menores tendem a responder que brincam ou tomam lanche juntos no recreio, por exemplo. Entretanto, com adolescentes, respostas mais complexas indicam a necessidade de orientação. Nos casos mais preocupantes, levá-los a especialistas pode ser uma alternativa.

5- Controle as preocupações
Maternidade e paternidade precoces, ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis), sofrimento e afastamento da família estão entre as principais preocupações dos pais quando o assunto é namoro entre adolescentes. Marta ressalta a importância de que a saúde seja a prioridade: “A discussão envolve o conceito do próprio corpo, valorizar e cuidar dele, e saber que uma IST pode ser muito grave”.

6- Não proíba, coloque limites
“Cada família tem uma permissividade. O namoro pode ser de sábado e domingo de tarde, somente dentro de casa, por exemplo. Mas proibir aguça a curiosidade. Tudo que é proibido, é mais gostoso. E os adolescentes vão dar um jeito”. 

Fonte: O LIBERAL