Mesmo após cirurgia, homem que ficou paraplégico em academia tem poucas chances de voltar a andar

 






A cirurgia à qual o motorista de aplicativo atingido por um aparelho de academia de 150 kg foi submetido devolveu-lhe a capacidade de se sentar, mas ele continua com chances remotas de recuperar os movimentos das pernas e voltar a andar. 

O caso de Regilânio Inácio, de 42 anos, morador de Juazeiro do Norte (CE), ganhou notoriedade nos últimos dias.

Ele sofreu uma lesão grave na coluna, que afetou a medula, e tem apenas 1% de chance de voltar a andar, segundo os médicos que o assistem. 

O homem passou por uma cirurgia para a estabilização das vértebras, já está conseguindo se sentar e iniciou sessões de fisioterapia. A alta está prevista para esta quinta-feira (10).

De acordo com o ortopedista Marcelo Risso, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, o fato de Regilânio já conseguir se sentar não necessariamente indica a restauração neurológica, pois pode ser interpretado apenas como uma boa resposta à estabilização da coluna, realizada na cirurgia. 

O também ortopedista Alberto Gotfryd, especialista em coluna do Hospital Israelita Albert Einstein, explica que, além da fratura, houve o deslocamento de uma vértebra sobre a outra, conhecida como fratura-luxação da coluna.

"Fraturas-luxações, frequentemente, vêm acompanhadas de lesões na medula espinhal, que é o nervo principal que passa em seu interior [da coluna]", afirma. 

Risso ressalta que a medula é parte essencial do sistema nervoso central, responsável pela condução de estímulos de sensibilidade e movimento para todo o corpo. Assim, ferimentos na região podem interferir não apenas nas funções de membros inferiores e superiores, mas também de órgãos, como o intestino e a bexiga.

Além da medula, tais fraturas podem atingir ossos e ligamentos. 

"A lesão é considerada grave. Primeiramente pela localização, pois afetou a medula numa região onde estão os neurônios que comandam os membros inferiores e a bexiga. As imagens divulgadas mostram uma fratura-luxação T12-L1, ou seja, exatamente na transição entre a coluna torácica e lombar. O fato de ter sido causada por um mecanismo de alta energia, devido ao peso do aparelho, justifica a gravidade da lesão", complementa o ortopedista do Oswaldo Cruz.

Gotfryd explica que lesões na coluna são tratadas, de forma geral, por meio de cirurgia. O método permite a realocação e o realinhamento da coluna, sua estabilização e a descompressão dos nervos para que haja a possibilidade de recuperação neurológica.

A reabilitação de lesões que afetam a medula depende de dois fatores: quando e como a medula foi afetada no momento do trauma e qual o tempo entre o trauma e o início do tratamento da lesão.

"Quanto mais rápido for iniciado o tratamento, maiores são as chances de recuperação. Geralmente, ela é possível de forma total ou parcial, levando em consideração tais fatores. Porém, em lesões onde há transecção total da medula, as possibilidades são muito baixas, quase nulas", argumenta Risso.

O ortopedista do Albert Einstein ressalta que, frequentemente, esse tipo de lesão apresenta sequelas permanentes, podendo ser parcial ou total, como a paraplegia. 

Após a cirurgia, a recomendação é que esses pacientes sejam submetidos a processos de reabilitação especializada, visando a estímulo para a recuperação neurológica, otimização das funções não acometidas e adaptação funcional às sequelas que eventualmente sejam irreversíveis.

Fonte:R7