Um ano após morte de Ferrugem, réus ainda aguardam julgamento em caso repleto de reviravoltas

 



morte do ambientalista barqueiro Adolfo Souza Duarte — conhecido como Ferrugem — completa um ano neste domingo (6). A Polícia Civil indiciou quatro pessoas pelo assassinato do homem, cujo corpo foi encontrado boiando na represa Billings, na zona sul de São Paulo. Entretanto, nenhuma delas foi a julgamento até hoje.

Segundo o TJSP (Tribunal de Justiça de São Paulo), o processo que apura a morte de Ferrugem está em “fase de diligências e alegações finais”. Ainda de acordo com a instituição, em breve será decidido se os réus irão ou não a julgamento pelo tribunal do júri.

São acusados pela morte de Ferrugem os jovens Katielle Souza Santos, Mauricius da Silva, Mikaelly da Silva Souza Moreno e Vithorio Alax Silva Santos. Entre os quatro, apenas Mauricius e Vithorio aguardam o julgamento presos.

O crime que causou a morte Ferrugem é cercado de mistérios. Em 1º de agosto de 2022, o barqueiro levou os quatro jovens para um passeio na represa Billings. Entretanto, quando a embarcação voltou à margem, Ferrugem não estava mais lá.

Segundo os amigos, durante a viagem um solavanco do barco fez com que Ferrugem e Mikaelly caíssem na água. Os jovens que estavam na embarcação jogaram coletes salva-vidas, mas apenas a menina conseguiu segurar o objeto.

Em depoimento, o grupo de amigos afirmou que por ser à noite e a água estar escura, eles não conseguiram encontrar Ferrugem e decidiram voltar à margem da represa para pedir ajuda.

No dia 6 do mesmo mês, menos de uma semana após o desaparecimento, o Corpo de Bombeiros de São Paulo resgatou o corpo do ambientalista na represa Billings.

O caso teria uma reviravolta em 24 de agosto, quando a Polícia Civil prendeu os quatro jovens que estavam no barco após um laudo do IML (Instituto Médico Legal) apontar que Ferrugem teria sido asfixiado.

“Nunca duvidamos que tinha algo errado. A gente esperava que pudéssemos estar errados. Ainda falta entender por que fizeram isso, qual o motivo, mas nada vai mudar o que aconteceu”, lamentou Uiara Sousa Duarte, companheira do ambientalista na época da morte.

Ciúme

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Dois meses após a morte do ambientalista, a Polícia Civil concluiu que Ferrugem foi morto por ciúme. Durante o passeio, o barqueiro teria dançado com Mikaelly e isto teria irritado Vithorio, que tinha intenção de se relacionar com a jovem.

A versão veio à tona após Mauricius mudar de versão durante um depoimento. Segundo o rapaz, Vithorio acionou um dispositivo da embarcação que fez o veículo parar, derrubando Ferrugem e Mikaelly.

Em seguida, Vithorio impediu que o ambientalista voltasse para o barco. Quando Ferrugem finalmente subiu na embarcação, o jovem teria feito a asfixia mecânica que levou à morte a vítima.

Para a Polícia Civil, Katielle, Mikaelly e Mauricius teriam participado de um embate corporal e colaboraram para que o crime fosse cometido por Vithorio. Os quatro jovens foram indiciados por homicídio triplamente qualificado.

Em junho deste ano, Katielle e Mikaelly tiveram a prisão revogada pela juíza Isabel Begalli Rodriguez, que alegou na decisão que as rés “colaboraram com as investigações policiais e se apresentaram espontaneamente à delegacia policial em todas as ocasiões em que foram chamadas”.

R7 procurou a defesa de Katielle e Mikaelly, que se limitou a dizer que elas serão inocentadas. A Defensoria Pública, que representa Mauricius, afirmou que se pronunciará por meio dos autos do processo. A reportagem não conseguiu falar com o advogado de Vithorio, mas mantém o espaço aberto para manifestação do citado.