Ruas desertas e vigias: conheça o entorno da casa invadida de Fernando Haddad

 




casa do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi invadida na madrugada da última quinta-feira (14) por pelo menos quatro homens. O imóvel, em uma pacata rua do bairro Indianópolis, zona sul de São Paulo, é cercado por vigias, apesar de poucas pessoas transitarem pela região.

R7 foi até o local na tarde desta sexta-feira (15) e conversou com os poucos moradores que passaram a pé pelo local, além dos vigias que ficam na rua.

A reportagem encontrou pelo menos uma guarita em cada quarteirão nas vias paralelas à avenida Indianópolis, principal ligação do bairro com o Ibirapuera e a região do Jabaquara. Esse serviço de segurança particular é contratado pelos próprios moradores, que dividem o valor pago aos vigilantes.

Um dos vigias entrevistados, que pediu para não ser identificado, trabalha no quarteirão da casa de Haddad. Ele afirma que as viaturas da Polícia Militar passam com pouca frequência pela região.

A enfermeira Maria Soledade Lisboa, moradora do bairro, por outro lado, calcula que pelo menos seis viaturas passam por dia nas ruas próximas à avenida Indianópolis. A mulher, que passeava tranquilamente com seu cachorro quando foi abordada pela reportagem, disse que a região ser pacata não é sinônimo de segurança.

“Já fui assaltada saindo de uma agência bancária na avenida Indianópolis. Entrei para fazer um saque e três homens armados entraram em seguida e me obrigaram a fazer movimentações com o cartão”, contou Maria Soledade.

A residência de Haddad, que por fora aparenta ter dois andares, é cercada por um muro alto com cerca viva. No momento em que a reportagem foi ao local, funcionários da prefeitura de São Paulo realizavam a poda das árvores próximas ao imóvel. Segundo o vigia ouvido pelo R7, o trabalho foi realizado após ele contar a policiais que os galhos e folhas deixavam a casa do ministro muito escura após o pôr do sol.

À noite, a região é conhecida pela prostituição. Garotas de programa se espalham ao longo dos quase 4 km de extensão da avenida Indianópolis, que corta uma das áreas mais nobres de São Paulo.

A fisioterapeuta cardiorrespiratória Adriana Apolinário conta que os pacientes que moram no bairro relatam constantemente assaltos nas ruas, além da invasão de casas.

“Há pouco policiamento na área. Atendo a região do Planalto Paulista, Mirandópolis, há uns dez anos, e muitas casas já foram assaltadas, netos de pacientes roubados na rua”, explica Adriana.

As placas de “Vende-se” e “Aluga-se” são comuns na região. Para a aposentada Assizele Delandrino, que mora há 38 anos no bairro, a área próxima à avenida Indianópolis é assim desde a década de 1980.

“Este bairro tem muito idoso. Alguns morrem e os filhos decidem vender as casas. Outros idosos cansam de cuidar das casas e procuram apartamentos. As placas não têm a ver com a violência”, explica Assizele, que apesar de se sentir segura no bairro, afirma que sempre anda atenta.

O 16º DP (Vila Clementino), que atende a área de Indianópolis, registrou, entre janeiro e julho deste ano, 1.116 roubos, que equivalem a um crescimento de 8,5% dos casos em comparação ao mesmo período de 2022.

Os furtos na região do 16º DP também cresceram 10,7% de um ano para o outro: de 1.883 casos nos sete primeiros meses de 2022 para 2.086 no mesmo período de 2023.

A SSP foi procurada para comentar os dados referentes ao 16º DP e ações de segurança na área, mas não respondeu aos questionamentos até a publicação desta reportagem.

Fonte:R7