Após suspensão de saidinha por conta do coronavírus, detentos se rebelam e fogem




O Tribunal de Justiça de São Paulo suspendeu a saidinha temporária prevista para essa terça-feira, dia 17, que libertaria 1.617 presos das penitenciárias da região. A medida provocou reação nos presídios do estado de São Paulo e centenas de detentos fizeram rebeliões e fugiram de vários presídios do litoral paulista, interior de São Paulo e capital. Até o fechamento desta reportagem, nenhum motim havia sido registrado nas penitenciárias da região de Rio Preto.
De acordo com o TJ, a suspensão temporária foi para conter o avanço do número de casos de coronavírus no estado. Em Mirandópolis, região de Araçatuba, detentos do regime semiaberto fizeram uma rebelião no começo da noite desta segunda-feira, dia 16.
"Houve uma determinação do TJSP pelo adiamento da saída, que ocorrerá logo mais. Não neste momento. É apenas uma medida temporária para proteção dos próprios sentenciados. Eles vão sair mais adiante e nenhuma saída prevista na lei será prejudicada", explicou o juiz auxiliar no 8ª Deecrim, Evandro Pelarin.
Nesta terça-feira, dia 17, seriam liberados 1.522 presos do Centro de Progressão Penitenciária de Rio Preto (CPP) e 95 detentos. 
Reação nos presídios
Sem a saidinha desta terça-feira, dia 17, detentos se rebelaram em presídios do estado de São Paulo. Ao menos quatro rebeliões aconteceram em presídios estaduais nesta segunda-feira, 16. Em pelo menos um deles, houve fuga de detentos. A direção do presídio de Mongaguá, na Baixada Santista, estima em cerca de 350 os fugitivos.
Além de Mongaguá, também há registro de revoltas nas penitenciárias de Tremembé, Mirandópolis e Porto Feliz. Nas duas primeiras, a Polícia Militar e os agentes penitenciários conseguiram controlar os motins. Em Porto Feliz, o Grupo de Intervenção Rápida (GIR) e a PM estão cercando o presídio para conter a rebelião.
Em todos os presídios rebelados há presença de integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC). A direção da Secretaria da Administração Penitenciária informou que só será possível saber o número exato de fugitivos em Mongaguá após o término da contagem dos presos.
De acordo com o sindicatos dos agentes prisionais, a onda de motins atingiria uma quinta prisão: o Centro de Ressocialização de Sumaré. A razão das revoltas, segundo os agentes, seria o fato de os presos temerem perder o direito a saída temporária de Páscoa em razão da epidemia de coronavírus.
“O motivo parece que é a situação de que o TJ (Tribunal de Justiça de São Paulo) proibiu as 'saidinhas' e o trabalho externo de presos”, diz o presidente do Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional, Fabio Cesar Ferreira. “Amanhã seria a primeira 'saidinha', né? E quase 20 mil presos queriam sair no feriado da Páscoa”.
(Agência Estado)