Em crise, lanchonetes e restaurantes temem por demissões




O anúncio do governo do Estado na tarde de quinta-feira, 11, em determinar uma ampliação maior de restrições na fase vermelha do Plano São Paulo, entre 15 e 30 de março, tem como meta reduzir ao máximo a circulação de pessoas e desta forma tentar frear a propagação do novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19.


Entre as medidas anunciadas pelo governador João Dória (PSDB), estão a proibição do serviço de retirada (take-away) de todos os setores. Serão permitidos somente serviços de drive-thru, entre 5h e 20h e delivery 24h para restaurantes e outros estabelecimentos comerciais. Acontecerá o fechamento completo de lojas de materiais de construção, que anteriormente podiam funcionar normalmente, a proibição de atividades religiosas coletivas e a proibição de todas as atividades esportivas. O toque de recolher, vai ocorrer das 20h às 5h.


Neste domingo, 14, o São Carlos Agora conversou com José Afonso de Oliveira Júnior, proprietário de um restaurante na área central de São Carlos e diretor do Sinhores (Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares se São Carlos e Região). Comerciante tradicional na cidade, não escondeu a preocupação com o atual momento. “A gente sabe que o momento é crítico e esta doença atinge muitas pessoas. Infelizmente a população não tem a disciplina adequada para seguir os protocolos de segurança e o governo de uma forma geral não tomou as medidas adequadas e não tem nem poder de cobrar atitude das pessoas”, lamentou Júnior.


“Há um ano sofremos com seguidas restrições. Um período árduo e difícil, onde a categoria teve que se reinventar. Momentos sombrios para colaboradores e clientes”, disse. “Apesar das dificuldades financeiras, buscamos o novo aprendizado”, emendou, salientando que em São Carlos há aproximadamente 400 estabelecimentos regularizados. “Mas temos uma grande gama de informais”, pontuou. Até então, calculo que tínhamos algo em torno de quatro mil colaboradores só entre lanchonetes e restaurantes. Mas acredito que 40% desta mão de obra já foi dispensada neste primeiro ano”, ponderou, salientando que muitos estabelecimentos comerciais, neste período, encerraram atividades.


MAIS DEMISSÕES


Nesta segunda-feira, 15, inicia-se a fase mais restritiva que, a princípio, irá vigorar até o dia 30. Júnior prevê dias ainda mais nebulosos e não descarta ainda, novas demissões. “Na minha empresa, por exemplo, eu reduzi meu pró-labore para não demitir ninguém. É uma iniciativa própria. Pretendo não demitir, mas não sei se esta fase restritiva ficará por apenas 15 dias. Acho que ela irá se estender e não descarto mais demissões neste segmento nas próximas semanas. Já trabalhávamos no limite e agora vem uma bordoada dessas. Difícil aguentar”, comentou.


Sobre o trabalho que realiza desde o início da pandemia da Covid-19, quando São Carlos estava na fase laranja, o seu restaurante podia ter 30% de sua ocupação e tinha o sistema delivery (entrega nas residências). Já na fase vermelha, somente delivery e as pessoas poderiam retirar na porta e até escolher o que gostaria de ter na refeição. “Diariamente variava de 60 a 100 clientes”.


Porém nesta fase ainda mais restritiva, somente delivery e drive thru. “As pessoas que irão solicitar as marmitas, farão tudo por fone. A opção será levar até às residências ou vir até o estabelecimento. Mas nós iremos levar a marmita até o carro. Acredito que o movimento deverá ter uma queda de até 30%”, lamentou.


Segundo ele, seu estabelecimento fica situado no centro de São Carlos. Mesmo como diretor do Sinhores, ele não soube como será a vida de comerciantes com estabelecimentos mais modestos. “Serão, a princípio, 15 dias sombrios”, relatou.



Fonte: São Carlos Agora