Após 87 dias internado, são-carlense ‘nasce de novo’ e vence a Covid-19




“Milagre de Deus”. Esta é a definição dada pelo operador de máquinas João Carlos da Silva, 56 anos, após 87 dias internado devido a Covid-19. Desde, foram 57 dias na unidade de terapia intensiva da (UTI) Unimed São Carlos. Neste período, chegou a perder 20 quilos (de 75 para 55) e acredita que as orações (de todas as religiões) da população são-carlense ajudou em sua recuperação, sem se esquecer dos médicos e enfermeiros que foram dedicados no dia a dia enquanto lutava pela vida.

Na manhã deste domingo, 27, João Carlos conversou com a reportagem do São Carlos Agora. Visivelmente emocionado relatou o drama ocorrido no início do ano, ao lado da esposa Fátima Aparecida de Oliveira Silva, 52 anos e dos filhos Marcos Vinícius, 20 anos e de Ana Clara, 13 anos. A família reside no Jardim Hikare.


POSSIVELMENTE NO TRABALHO


Hoje, João Carlos é convalescente. Afastado do trabalho, se recupera da grave infecção que foi acometido em época de pandemia da Covid-19. Garantindo ser cuidadoso e seguidor à risca dos protocolos de segurança instituídos pelas autoridades sanitárias devido a velocidade da propagação do SARS-CoV-2, João Carlos acredita que possa ter se infectado na empresa onde presta serviços profissionais.


“A gente trabalhava com máscara e mantinha o distanciamento. Mas na hora da refeição e escovar os dentes, tínhamos que tirá-las e o ambiente era fechado. É uma hipótese apenas. Mas acredito que possa ter sido lá (no trabalho)”, disse, salientando que saia raramente de casa. “Era para ir ao trabalho e às compras. Mas sempre estava com máscara e usava álcool em gel”, garantiu.


Porém, apesar dos cuidados, no dia 29 de janeiro acredita que chegou em casa infectado pelo novo coronavírus. “Eu estava estranho, sentindo muito calor no rosto. Era uma sexta-feira. No sábado (30) comecei a passar mal, ter febre e tosse”. No mesmo dia, João Carlos foi até a Unimed onde teve o diagnóstico de uma sinusite.


“Mas não melhorei e na segunda-feira (1), fui até a UPA Santa Felícia e passei por um Raio X. Ali começou a suspeita da Covid-19 e fui medicado. Na terça-feira, 2, passei por exames no centro de triagem (ginásio municipal de esportes Milton Olaio Filho) e no dia seguinte positivou para a infecção”, lamentou o operador de máquinas salientando que passou a sentir dores nas costas. “Estava passando mal e na sexta-feira retornei a UPA Santa Felícia e foi receitado apenas um antitérmico”.




Como a febre não sedia, no sábado, 6, no período da tarde, retornou à Unimed e após exames, foi constatado que seus pulmões estavam comprometidos em 85%. Foi encaminhado até a Santa Casa, sendo internado e no domingo, 7, teve início o seu calvário, quando foi internado na UTI Covid da Unimed São Carlos.


“A partir daí fui sedado e passei a lutar pela vida. Passei por vários procedimentos e comecei a receber medicamentos. Foi feita traqueostomia. Foram 57 dias e passei a lutar pela vida. Depois foram mais 30 dias na enfermaria. Mas estava abobado sem saber onde estava. Fui ter noção da vida a dez dias de ter alta. Foi muita emoção e gratificante ao reconhecer as pessoas. Quando entrei na ambulância para retornar para casa, chorei. Ver minha família e vizinhos me esperando, foi algo que não tem preço”, disse o torcedor da Sociedade Esportiva Palmeiras.


HOJE EM DIA


Em casa, ao lado da família, João Carlos se recupera e toma regularmente medicamentos. Feliz por ter “nascido de novo”, salienta que está vivo após um milagre de Deus. “A gente percebe que muitas pessoas estão afastadas de Cristo. Mas, por outro lado, não podemos desanimar e se estou aqui, e graças as orações de muita gente e de várias religiões. Sou católico, mas agradeço a todos que dedicaram um minuto de carinho para minha pessoa. Mas não esqueço dos médicos e enfermeiros que foram os meus anjos da guarda”, reconheceu.


O operador de máquinas palmeirense também fez um alerta. “Lamento o fato das pessoas não acreditarem nesta doença. Tem gente com pouca idade morrendo. Outros saem por ai e não pensam na família. Ninguém pode brincar com a doença. Nem mesmo com a vacina que está sendo dada. Temos que tomar todos os cuidados, pois hoje em dia está pior. Não quero que ninguém passe pelo que eu passei”, disse.


GRATIDÃO A DEUS


A esposa Fátima Aparecida, emocionada, usou a síntese para dizer que é grata a Deus e agradece aos profissionais da Saúde que ajudaram para que o marido sobrevivesse a grave infecção.


“Foram 57 dias de angústia, com a possibilidade de ver meu amado marido morrer. Não conseguia nem atender o telefone quando os médicos ligavam em casa. Era meu filho que falava com eles. O João Carlos chegou a ser desenganado pelos médicos várias vezes. Mas, além da medicina, nossa fé era grande e não pensava que ele iria partir. Tinha medo, mas confiava na vida”, disse. “Foi muita oração todo o dia”.


Quando ela soube que João Carlos estava fora de perigo, disse que não se conteve. “Chorei muito de alegria. Lembro que no dia que ele saiu da UTI, fiquei duas horas no carro esperando. Mas a alegria e a esperança era tanta que nem senti a espera. Foi um caminhão que saiu das costas. Foi um momento de felicidade plena. Agora é cuidar dele e aos poucos sair deste momento tão triste e curtir a vida a cada momento”, finalizou Fátima Aparecida.


Fonte: São Carlos Agora