Após crimes de entregadores falsos em SP, categoria relata prejuízos

 




Nas últimas semanas, casos em que suspeitos que se passam por entregadores para cometer crimes no estado de São Paulo têm sido constantes e, com isso, a categoria dos motoboys tem relatado prejuízos e discriminação, uma vez que a população em geral tem dificuldade em distinguir trabalhadores de criminosos. 

Recentemente, um entregador foi flagrado pelas ruas do centro de São Paulo com a seguinte frase na parte de trás da mochila: "Eu não sou ladrão". Essa é a preocupação de uma categoria na mira da polícia.

Na última quinta-feira (5), o Governo de São Paulo informou que dobraria o número de policiais nas ruas para prevenir crimes de falsos entregadores.

"Durante a pandemia, éramos 'comparados a heróis', por várias vezes recebemos os mais diversos tipos de incentivo da populacão e consumidores. Agora, voltamos à estaca zero, a classe trabalhadora que é associada a crimes e vandalismo", conta Rodrigo Oliveira, que trabalha nas ruas da capital paulista.

As ações se itensificaram após a morte de Renan Silva Loureiro, de 20 anos, que foi baleado na cabeça, na frente da namorada, depois de um assalto na região do Jabaquara, em 26 de abril. O suspeito, Acxel Gabriel Peres, passava-se por entregador de aplicativo quando abordou o casal.

A frieza do crime gerou comoção nacional, tanto que, o governador de São Paulo citou essa ação para iniciar a operação contra falsos entregadores em São Paulo. Após buscas, cerco policial e possivelmente ser jurado de morte pelo PCC (Primeiro Comando da Capital), Acxel se entregou e confessou o crime.

Agora, com o anúncio de que serão foco de fiscalizações dos policiais no trânsito, alguns dos trabalhadores têm reclamado de que a ação pode prejudicar a produtividade, mas acreditam que haja pontos positivos.

"O cliente fica com medo, assustado, ao ver a gente chegando de bolsa. Não sabe se é ladrão ou se é um trabalhador", relatou o motorista de aplicativo Paulo César, à Record TV.

Em outro relato, o entregador Guilherme Costa conta que sente a indiferença das pessoas, mas entende o motivo. "A gente vai na casa de uma pessoa entregar alguma coisa e ela trata com indiferença, passamos perto e guardam o celular. São discriminações que até dá para entender", disse.

Fiscalização de entregadores

Para realizar a fiscalização dos entregadores, foi firmado um convênio entre o Governo de São Paulo e os aplicativos para o compartilhamento dos bancos de dados com o Detecta, sistema de monitoramento inteligente combinado com o banco de dados de informações policiais da América Latina. Segundo a gestão estadual, esse compartilhamento começou e está sendo ampliado.

Será realizada ainda uma campanha de conscientização sobre os serviços de entrega por aplicativo. O objetivo da administração estadual é levar para as ruas ações educativas para valorizar a profissão dos entregadores e proteger a população de eventuais crimes.

A troca da base de dados será incorporada para facilitar a identificação de falsos entregadores, que utilizam mochilas de aplicativos de entrega para não chamar a atenção e praticar crimes.

Blitz na capital

Segundo o governo, a cidade de São Paulo vai passar dos atuais 5.000 policiais para 9.700. O investimento mensal será de R$ 41,8 milhões para o pagamento das jornadas extras e a utilização de mais 1.500 viaturas e seis helicópteros. Cerca de R$ 30 milhões serão pagos pelo governo, e o restante, pela prefeitura.

Na capital, a operação terá apoio da GCM (Guarda Civil Metropolitana), principalmente em 500 pontos de atenção, como grandes corredores de trânsito (marginais Tietê e Pinheiros, avenida Rebouças e corredor norte-sul) e áreas com maior incidência de ocorrências.

Foi publicada no Diário Oficial a lei nº 17.802, que reajusta os valores pagos aos policiais da Operação Delegada. “Temos disponibilidade para mais 2.400 vagas, além da operação com a GCM. Teremos 750 guardas civis metropolitanos com 200 motos a mais por dia", ressaltou o prefeito Ricardo Nunes.

Fonte:R7