Filhos de moradora de Santa Bárbara denunciam lar de idosos ao MP

 



Os filhos de uma mulher de 82 anos, moradora do Residencial Furlan, em Santa Bárbara d’Oeste, decidiram acionar o MP (Ministério Público) para pedir a abertura de um inquérito com o objetivo de investigar possíveis maus-tratos praticados por um lar de idosos de Piracicaba, onde ela esteve internada. O proprietário do local nega as acusações e diz que vai processar a família.

No pedido, que foi recebido por um dos promotores, os parentes da idosa, diagnosticada com síndrome demencial, afirmam que ela pesava 64 quilos quando foi internada, em maio de 2019, e saiu com 39 quilos. A família a tirou do lar em março deste ano.

Preocupados com o estado de saúde da mãe, os filhos a levaram em diferentes médicos, que a diagnosticaram com desnutrição, desidratação, enfraquecimento dos músculos e perda de massa muscular, além da formação de uma úlcera sacral e também machucados e escoriações na pele por falta de movimentação e circulação sanguínea. Os laudos médicos foram anexados no pedido de inquérito.

Em outro laudo médico, juntado no documento, há também avaliação de que a paciente estava com o estado de consciência prejudicado “possivelmente agravado por causa de excesso de medicação”. Os filhos também afirmam que os prontuários da mãe não foram entregues.

“O que a família quer é justiça e punição, civil ou criminalmente, dos responsáveis pela clínica. Por ora, o pedido de instauração de inquérito foi feito e é o promotor quem vai dar o encaminhamento necessário”, disse Marcel Guarda, advogado da família.

Nenhum membro da família quis se manifestar. A Polícia Civil foi procurada, mas não forneceu informações porque não houve registro de boletim de ocorrência.

Por outro lado, os responsáveis pela Lar Melhor Idade negaram as acusações. Eles afirmam que a equipe jurídica da instituição não foi notificada, mas adiantam que vão entrar com um processo contra a família.

Por meio de fotos em que exibem conversas no WhatsApp, o enfermeiro Fernando Veloso, funcionário e sócio da clínica, afirmou ao LIBERAL que os filhos da idosa sempre foram avisados sobre o estado de saúde da mãe, e, segundo ele, a mulher teria perdido apenas um quilo e não 25 quilos. “Ela não chegou com 64 e muito menos saiu com 39”, se defendeu.

“Sobre a úlcera, a idosa já tinha várias histórias de riscos de quedas. Era cadeirante e criou uma ferida nas nádegas após três anos de cuidados. Falei com a família que ela não podia ser colocada na cama sozinha por conta do risco de queda. Falei também que eu precisava de uma reunião com eles, mas nunca fui atendido”, defendeu o enfermeiro. Ele nega desnutrição e desidratação.

Ainda apoiado nos registros de conversas, Fernando afirma que relatórios médicos e nutricionais sempre foram enviados aos filhos e que eles não quiseram buscar os prontuários.

Fonte: O LIBERAL