Depois de encerrar o primeiro semestre com duas quedas mensais consecutivas, o volume de vendas do comércio permaneceu no campo negativo ao recuar 0,8% em julho, de acordo com informações publicadas nesta quarta-feira (14) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Mesmo com o terceiro dado negativo apurado pela PMC (Pesquisa Mensal do Comércio), o setor varejista figura em um patamar 0,5% acima do nível de fevereiro de 2020, o último mês sem nenhuma medida restritiva para conter o avanço do novo coronavírus no Brasil.
Na comparação com o nível pré-pandemia, o comércio varejista mostra desigualdades em termos setoriais. Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (+20,7%) e combustíveis e lubrificantes (+11,3%) operam muito acima do patamar de fevereiro do ano passado.
Por outro lado, a reversão não foi observada nos ramos de livros, jornais, revistas e papelaria (-37,2%), com uma trajetória de perda muito por conta da própria lógica contemporânea do mercado, além de tecidos, vestuário e calçados (-25,6%), móveis e eletrodomésticos (-18,4%) e veículos e motos, partes e peças (-12,4%).
No acumulado de 2022, o comércio cresceu 0,4%. Já nos últimos 12 meses, o setor registra queda de 1,8%. Desde abril, último mês com crescimento do varejo, a categoria apresenta recuo de 2,7%.
No comércio varejista ampliado, que inclui as atividades de veículos, motos, partes e peças e de material de construção, o volume de vendas em julho caiu 0,7% comparado com o de junho e 6,8% com o de julho de 2021.
Para Cristiano Santos, gerente responsável pela pesquisa, a terceira queda seguida das vendas da categoria demonstra a retomada da trajetória irregular do segmento, detectada desde o período mais grave da pandemia. "O setor repete a trajetória que vem acontecendo desde março de 2020, com alta volatilidade”, avalia ele.
Em julho, houve queda em nove das dez atividades pesquisadas, com destaque negativo para o segmento de tecidos, vestuário e calçados (-17,1%). Para Santos, o comportamento da atividade tem alguns fatores.
“Algumas das grandes cadeias comerciais apresentaram redução na receita, sobretudo na parte de calçados. Além disso, pode haver também escolhas do consumidor, considerando a dominuição da capacidade do consumo atual”, afirma o pesquisador.
As demais quedas na comparação mensal foram em móveis e eletrodomésticos (-3%), livros, jornais, revistas e papelaria (-2%), equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-1,5%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (-1,4%), hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,6%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (-0,5%).
Apenas a atividade de combustíveis e lubrificantes (12,2%) mostrou crescimento nas vendas na passagem de junho para julho. “[Tal movimento é] resultado da política de redução do preço dos combustíveis”, avalia Santos, e destaca a deflação de 14,15% no item demonstrado no IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), a inflação oficial, de julho.
Fonte>R7