Homem matou a ex-mulher antes de forjar acidente de trânsito? Entenda

 



O caso do homem preso no último domingo (20) e que já havia sido condenado por matar a ex-mulher propositalmente em um acidente de trânsito reacendeu a polêmica sobre como a morte dela teria ocorrido.

Michael de Souza Lima foi acusado inicialmente pela polícia de ter forjado o acidente e jogado o veículo em que estava com a mulher diante de uma carreta para que a morte da companheira ocorresse no acidente. O objetivo seria esconder que ela já teria sido morta antes, a facadas, porque ela teria se negado a reatar o relacionamento. 

Após inúmeras idas e vindas na investigação e no processo judicial, três teorias sobre o caso foram levantadas. Entenda:

versão inicial da polícia é de que Michael teria matado a ex-mulher, Andreia dos Santos Lima, de 29 anos na época, a facadas e, depois, colocado o corpo dela no carro e jogado o veículo contra uma carreta para que o crime fosse encoberto e ele deixasse de responder por feminicídio.

segunda versão é do MP-SP (Ministério Público de São Paulo), que viu todas as provas e fez a denúncia com base no que chamam de 'opinio delicti' (opinião a respeito do delito). O R7 teve acesso ao documento da denúncia que nega que o suspeito teria matado a companheira antes do acidente, mas que ele teria jogado o carro contra uma carreta para que ele e Andreia morressem juntos.

"Agindo com manifesta intenção homicida, por motivo torpe e mediante recurso que dificultou a defesa da ofendida, matou Andreia [...], ataque este perpetrado por razões de seu gênero feminino e em situação de violência doméstica", consta em trechos do documento da denúncia.

terceira versão é da defesa de Michael, que contesta todas as alegações e afirma que o suspeito e a ex se envolveram em um acidente de trânsito não intencional.

"Houve uma briga, ele perdeu o controle do automóvel e bateu contra a carreta, o que infelizmente ocasionou a morte de Andreia", afirmou à reportagem o advogado Adriano Galvão.

Denúncia do MP e caso julgado pelo Tribunal do Júri

A tese de que ele teria matado a mulher antes do acidente não prosperou. No relatório final da polícia, consta que "foi realizado contato informal com o médico legista, com o objetivo de apurar se a vítima fatal possuía alguma lesão ocasionada por causas estranhas ao acidente, sendo-nos informado [aos policiais] pelo perito que não havia no corpo de Andreia sinais de lesões causadas por outros instrumentos, se não aqueles do próprio acidente", diz o texto.

Ao final, o tribunal do júri concordou com a tese do Ministério Público. Os jurados consideraram que Michael matou a mulher e também tentou se matar no acidente de carro. 

Veja a linha do tempo do caso:

 o juiz aceitou a denúncia do MP-SP contra Michael e foi marcada a primeira audiência do caso;

 na audiência de instrução foram ouvidas as testemunhas de acusação e de defesa. No fim, o juiz mandou o processo para o júri, e os advogados de Michael entraram com recurso;

 no tribunal do júri, os sete jurados ouviram primeiro a acusação, dizendo que ele era culpado e que agiu de forma intencional e, depois, a defesa do suspeito negando as alegações;

 apesar de não ter sido unânime, os jurados decidiram pela condenação de 28 anos de prisão para Michael. Porém, o homem obteve direito de recorrer contra a sentença em liberdade;

 durante esse período, a defesa recorreu e conseguiu diminuir a pena do suspeito para 21 anos. O processo teve o trânsito em julgado da condenação, então, a Justiça emitiu um mandado de prisão;

 com o processo julgado, Michael foi detido no domingo (20). Segundo o advogado, enquanto recorria em liberdade, ele trabalhava e fazia visitas aos filhos.

Agora, Galvão relata que vai pedir uma revisão criminal e um habeas corpus no Supremo Tribunal Federal para discutir alguns elementos. "Pode ser que a pena seja diminuída", alega a defesa do suspeito.

Prisão do suspeito sete anos depois

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A polícia recebeu uma denúncia de que um homem foragido por homicídio estava na região de Guarulhos, no último domingo (20). Os agentes foram ao local, abordaram Michael e constataram que havia um pedido de prisão em aberto no nome dele.

"O Michael sabia que quando os agentes chegassem até ele, ele voltaria para o sistema prisional", diz Galvão.

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