Políticas públicas e acolhimento são caminho para promover a saúde mental no DF, dizem especialistas

 



Falta de ar, taquicardia e perda de interesse em atividades antes atrativas. Esses são apenas alguns sintomas relacionados à ansiedade e à depressão e que são um sinal de alerta para a intervenção de um profissional de saúde mental. Neste Setembro Amarelo, voltado a prevênção ao suicídio e debate sobre os cuidados com a mente, falar sobre esses sintomas é primordial. Apenas este ano, mais de 128 mil pessoas já foram atendidas nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) nas 18 unidades em funcionamento no Distrito Federal.

No entanto, os atendimentos estão longe de acolher todas as pessoas que enfrentam algum nível de sofrimento mental. Outro desafio é o preconceito e a falta de empatia. A professora de psicologia Hannya Herrera Cardona destaca que a saúde mental é multifatorial. “É preciso olhar para todos os aspectos da vida dessa pessoa, e isso envolve vida financeira, saúde, questões de vulnerabilidade. Além de precisarmos dar outro passo essencial na desmistificação dos tabus relacionados à saúde mental”, apontou.

Para a especialista, a rede familiar e social são essenciais no acolhimento a quem está vivendo um momento de sofrimento mental. “Independente da idade ou vulnerabilidade, a pessoa precisa encontrar um suporte. Mas atualmente nossa situação é bem crítica, temos parte da população sem acesso aos serviços necessários e falta o que chamamos de Rede de Atenção Psicossocial (RAPS)”, disse.

Como conseguir ajuda

A Secretaria de Saúde explicou, em nota, que o atendimento nos Caps ocorre por demanda espontânea ou encaminhamento de outros dispositivos da rede de saúde ou intersetorial. A orientação é que o paciente busque o Caps mais próximo da sua residência, onde será avaliado por equipes profissionais multidisciplinares (acesse aqui).

Em situações de emergência, no entanto, a pasta orienta que a população busque o atendimento pelo número 192, do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), ou pelas Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e hospitais gerais. “O DF tem um serviço de saúde mental pioneiro em todo o Brasil no Samu/192, que funciona 24 horas por semana”, detalha.

O atendimento por telefone é feito por uma equipe especializada até a chegada da unidade do Samu no local em que está o paciente. Segundo a secretaria, ao longo deste ano, a maior parte destes atendimentos foram de quadros de transtornos mentais graves; agitação psicomotora com agressividade; crise psicótica; vítimas de violência sexual e física; além de dependentes químicos graves.

A pasta adiantou também projetos de ampliação da rede de Caps, com a construção de mais cinco unidades no DF, estipulados para as regiões administrativas do Gama, Recanto das Emas, Ceilândia, Guará e Taguatinga.

Escuta solidária

O professor e psicólogo decano de Assuntos Comunitários da Universidade de Brasília (UnB), Ileno Izídio, pontua que os processos de sofrimento mental são diferentes em cada indivíduo, mas lista o que não se deve fazer. “Não condenar, julgar ou dar sermão. Quando você pede ajuda tem direito a ter o seu sofrimento levado a sério”, pontua.

Para Ileno, o que falta na sociedade hoje é uma escuta de acolhimento e empatia. “Nós estamos em uma era digital, onde tudo passa pela facilidade de transmitir mensagens, mas não de escutar o que está sendo dito. Mas o contato e cuidado humano seguem sendo essenciais. E precisamos incentivar as pessoas em sofrimento mental a buscarem a ajuda de profissionais. Além de atuar com políticas públicas que vão além do Setembro Amarelo, olhando para a dificuldades financeiras do indivíduo e as suas outras vulnerabilidades. A saúde mental não pode ser trabalhada de forma pontual em um momento específico. Ela é um processo, deve ser construída o tempo todo, em diferentes espaços”, defendeu.

Em caso de sofrimento mental, ligue para:
Samu - 192;
Centro de Valorização da Vida (CVV) - 188
Caps - busque o mais próximo de você por aqui;
Unidade Básica de Saúde (UBS) - mais próxima da sua residência; ou
Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) 24h.

fonte:R7