'É como se não tivesse passado 5 dias', diz mãe de vítima, cinco anos após tragédia do Ninho do Urubu

 



Cinco anos após a tragédia do Ninho do Urubu — um incêndio que matou 10 atletas e feriu outros três no alojamento das categorias de base do centro de treinamento do Flamengo, as famílias das vítimas ainda buscam respostas para o que aconteceu naquele 8 de fevereiro de 2019 e pedem justiça para o caso. 

"Passou cinco anos para muita gente, mas, para a gente, é como não se tivesse passado nem cinco dias. Porque são cinco anos sobrevivendo a uma perda que foi parte da gente, de mim. Então, como mãe, é como tivessem tirado metade de mim, sabe? E, hoje, vivo com a outra metade pelos meus filhos que estão vivos, pelos meus netos que vieram. É muito difícil", disse Andreia Cândido, mãe do goleiro Christian Esmério, em entrevista à RECORD

Com um futuro promissor e passagens pelas seleções sub-15 e 17, Christian teve a vida interrompida perto de completar 16 anos. A mãe relembra que não queria que o filho morasse no alojamento: "Por mim, meu filho não estava morando lá. Era um desejo, um sonho dele".

Além da dor da perda, a família do goleiro Christian ainda sofre com as críticas por ser a única a não ter aceitado o acordo de indenização com o clube

"Ouvimos o tempo todo que a gente estava querendo enriquecer com a morte do nosso filho. E não é isso. Só queria deixar claro que no momento em que a gente entrou com uma ação contra o Flamengo foi em respeito ao nosso filho. É dizer que a vida do nosso filho não tem preço. A gente só não aceita que o Flamengo venha dizer quanto vale a vida do nosso filho. A gente entrou com a ação, mas não espera ficar rico. A gente pode receber R$ 10 milhões ou R$ 500. Mas que o juiz decrete quanto o réu tem que pagar por aquilo que fez com a gente", desabafou a mãe. 

Os pais de Christian não acreditam que possa ter ocorrido uma fatalidade no incêndio que atingiu as dependências do clube. Eles citam que, dias antes da tragédia, já havia um problema na parte elétrica do ar-condicionado, onde fogo teria começado.

"Não tem como ser uma fatalidade com o que já tinha acontecido. Houve um curto-circuito, e eles fizeram um 'gato' para o ar-condicionado continuar funcionando".

Processo que apura a responsabilidade pela tragédia no Ninho do Urubu corre na Justiça

O processo que apura a responsabilidade pela tragédia no Ninho do Urubu corre na Justiça. O MPRJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) denunciou 11 pessoas, incluindo o ex-presidente do Flamengo Eduardo Bandeira de Mello, pelo crime de incêndio culposo (quando não há intenção) qualificado pelos resultados morte e lesão grave. 

Atualmente, o caso está em fase de instrução processual e ainda faltam ouvir testemunhas de acusação, segundo a Promotoria. 

Procurado pela RECORD, o Flamengo não se manifestou. Já o ex-presidente Eduardo Bandeira de Mello garantiu ter entregue, em dezembro de 2018, os novos alojamentos da base e não saber o porquê dos meninos terem voltado aos dormitórios em contêineres.

Fonte:R7