Sobe para 115 o número de cidades de SP com risco de falta de oxigênio

 



Um novo levantamento do Cosems/SP (Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo), realizado entre os dias 22 e 24 de março, revelou que 177 serviços de saúde em 115 municípios paulistas estão em situação crítica de abastecimento de cilindros de oxigênio gasoso, usado em pacientes com covid-19.

O estado é considerado crítico quando os serviços de saúde possuem suprimento do insumo para menos de uma semana.

"O grande problema é o oxigênio gasoso. Hospitais maiores usam o oxigênio líquido, que é transportado em caminhões e não cilindros. Com o aumento do consumo, com mais pacientes precisando de oxigênio e as transferências entre unidades demorando por falta de leitos, a situação se agravou e é necessária uma reposição rápida", disse Geraldo Reple Sobrinho, presidente do Cosems São Paulo e secretário de Saúde de São Bernardo do Campo, no ABC paulista.O monitoramento do Cosems é feito desde o início de março junto às secretarias municipais de Saúde. A última investigação indicou um aumento da demanda por oxigênio em 61 municípios.

Cidades em situação crítica de abastecimento de oxigênio, segundo Cosems/SP

Cidades em situação crítica de abastecimento de oxigênio, segundo Cosems/SP

DIVULGAÇÃO / COSEMS/SP

Além da dificuldade de compra e distribuição por parte das empresas fornecedoras, há uma limitação da quantidade de cilindros para armazenamento e reposição do produto.


Para contornar a situação, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) liberou a comercialização do oxigênio gasoso de cilindros verdes em cilindros pretos, usados no envase de oxigênio industrial. O processo requer um cuidado especial com a higienização, uma vez que o oxigênio medicinal é mais puro.

Segundo Geraldo Sobrinho, "esta não é a alternativa ideal, mas vai evitar a falta do oxigênio". De acordo com ele, não faltam insumos. O grande problema é a logística: levam o cilindro cheio e voltam com o vazio e agora até mesmo unidades com um ou dois leitos de estabilização precisam trocar mais vezes ao dia.

Com a explosão de novos casos de contaminação por coronavírus no estado, cresceu a fila de pacientes à espera de um leito hospitalar, o que levou à necessidade de manobras de oxigenação nas unidades de pronto atendimento até que a pessoa seja internada.

Pesquisa

A investigação foi feita por meio de enquete virtual (Google Forms) e encaminhada aos serviços municipais de Saúde, dentre eles: UPA (Unidades de Pronto Atendimento), unidades em geral e serviços fora de hospitais que, com o agravamento da pandemia, estão consumindo grande quantidade de oxigênio gasoso.

Na enquete a pergunta central foi: neste momento, qual a capacidade máxima que o serviço de saúde comporta de atendimento emergencial com suporte de oxigênio gasoso para usuários com suspeita ou confirmados para covid-19, em número de usuários? Foram obtidas 177 respostas até esta quarta-feira (24).

Governo

Na segunda-feira (22), o vice-governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, afirmou que os fornecedores garantiram o abastecimento do produto para atender a rede estadual, municipal, entidades filantrópicas e a rede privada.

O governo disse também que vai instalar uma usina de oxigênio em Ribeirão Preto, no interior paulista, para evitar o desabastecimento nas unidades de saúde. A estrutura será montada pela Ambev e deverá ficar pronta em dez dias. A previsão de envase é de 120 cilindros ao dia.


Fonte:R7