Equipes de resgate procuram vestígios de passageiros de avião que caiu na China

 




As equipes de resgate trabalham nesta terça-feira (22) contra a chuva e a lama na busca por vestígios das 132 pessoas que estavam a bordo do Boeing-737 da China Eastern que caiu em uma área montanhosa no sudoeste da China nesta segunda.

As esperanças de encontrar sobreviventes são praticamente nulas um dia após o acidente, provavelmente a catástrofe aérea com o maior número de mortes na China em quase três décadas.

Acumulam-se perguntas sobre as causas do acidente com a aeronave, que perdeu mais de 26 mil pés (quase 8.000 metros) em apenas três minutos, antes de cair em uma montanha.

A companhia aérea reconheceu que os ocupantes do voo, entre as cidades de Kunming (sudoeste) e Cantão (sul), morreram, mas não divulgou detalhes. 

O presidente Xi Jinping ordenou uma investigação profunda para que as causas do acidente sejam apuradas o mais rápido possível.

Equipes de resgate, bombeiros e agentes de unidades de emergência seguiram para a área rural da região de Guangxi, local do acidente.

Os funcionários examinam os pedaços queimados do avião e rastros do incêndio provocado. Um deles especulou que os passageiros teriam sido "totalmente incinerados" devido à intensidade das chamas.

Um orador da região, que revelou apenas o sobrenome, Ou, afirmou que ouviu um "barulho como o de um trovão" na tarde de segunda-feira, seguido por uma explosão violenta nas colinas próximas.

A imprensa estatal exibiu imagens das equipes de resgate na área da queda do avião, entre árvores derrubadas e pedaços do Boeing, inclusive uma peça com o símbolo da companhia aérea.

Outras imagens mostravam funcionários utilizando drones para facilitar as buscas no terreno, íngreme e com vegetação densa.

O desastre ocorreu após uma queda vertical em alta velocidade, de acordo com um vídeo divulgado pela imprensa chinesa. A AFP não conseguiu verificar até o momento a autenticidade do vídeo.

Em Cantão, funcionários da companhia aérea ajudam as famílias dos 123 passageiros e nove tripulantes do avião.

Dados "muito incomuns"


O voo MU5735, que decolou de Kunming pouco depois das 13h (2h de Brasília), "perdeu contato quando estava sobrevoando a cidade de Wuzhou", segundo um comunicado da Caac (Administração da Aviação Civil da China).

"A companhia expressa profundas condolências pelos passageiros e pelos membros da tripulação que morreram no acidente", afirmou a China Eastern em um comunicado divulgado na segunda-feira à noite, sem apresentar mais informações. A catástrofe provocou uma rápida resposta de Xi Jinping, que se declarou "chocado".

A imprensa estatal afirmou que o vice-primeiro-ministro Liu He, muito próximo de Xi e que atua mais em questões econômicas, foi enviado à região para supervisionar as tarefas de resgate e investigação.

A Junta Nacional de Segurança no Transporte dos Estados Unidos anunciou que tinha designado um especialista como representante nas investigações e que diretores da Boeing, General Electric e da Administração Federal de Aviação atuarão como conselheiros técnicos.

De acordo com o rastreador de voos especializado FlightRadar24, a aeronave perdeu quase 21.250 pés (6.477 metros) em apenas um minuto antes de desaparecer dos monitores do radar.

Depois, após uma breve subida, despencou novamente, a 1.410 metros, para ficar 983 metros acima do solo. A aeronave desapareceu dos radares às 14h22 (3h22 de Brasília).

Jean-Paul Troadec, ex-diretor do Escritório de Investigação e Análises de Segurança Aérea da França, afirmou à AFP que é "muito cedo" para tirar conclusões, mas que os dados do FlightRadar são "muito incomuns".

Nos últimos anos, a China se destacou pelos elogiados padrões de segurança da aviação, apesar do rápido e amplo crescimento do setor nas últimas décadas.

A imprensa estatal informou que a companhia aérea suspendeu os voos com os modelos Boeing 737-800.

Em um comunicado, a fabricante americana afirmou que tenta "reunir mais informações" e trabalha com os clientes.

O acidente de voo comercial com mais vítimas na China ocorreu em 1994, quando a queda de uma aeronave da China Northwest Airlines provocou a morte das 160 pessoas a bordo.

Fonte:R7