Ser autista no Brasil ainda é, muitas vezes, ser alvo de desconhecimento, preconceito e, principalmente, de perguntas desnecessárias e até ofensivas. O autismo, ou Transtorno do Espectro Autista (TEA), é uma condição neurológica que afeta milhões de pessoas no mundo todo. Apesar de tantos avanços em informação e inclusão, quem é autista — ou convive com alguém que é — ainda precisa lidar diariamente com questionamentos que variam do ingênuo ao absurdo.
🧩 “VOCÊ TEM MESMO AUTISMO? MAS VOCÊ PARECE TÃO NORMAL!”
Essa é, talvez, a pergunta mais comum e, ao mesmo tempo, mais constrangedora. O autismo não tem “cara” e não existe um único jeito de ser autista. O espectro é amplo e cada pessoa manifesta características únicas. Dizer que alguém “parece normal” revela, além de ignorância, uma tentativa de negar a identidade do outro.
⏳ “VOCÊ VAI MELHORAR QUANDO CRESCER?”
Muitas pessoas ainda acreditam que o autismo é uma fase ou uma doença que pode ser “curada”. O autismo é uma condição para a vida toda, e o que muda é a forma como a pessoa aprende a lidar com o mundo — e como o mundo aprende a lidar com ela.
❤️ “VOCÊ CONSEGUE AMAR?”
Essa pergunta é dolorosa e desumanizadora. O mito de que autistas não sentem emoções ou não conseguem amar é antigo e completamente equivocado. Autistas sentem, amam, sofrem, riem e choram como qualquer outra pessoa — apenas podem expressar essas emoções de maneira diferente.
💬 “VOCÊ SABE FALAR?”
Muitos autistas são verbais, outros não. Mas assumir que todo autista é incapaz de se comunicar é um erro. Comunicação vai muito além da fala, e cada autista tem sua própria forma de se expressar.
🎬 “VOCÊ É UM GÊNIO?”
O estereótipo do “gênio autista” também é prejudicial. Embora alguns autistas tenham habilidades excepcionais, a maioria não se encaixa nesse perfil. E tudo bem! O importante é respeitar as individualidades, sem esperar que todos sejam iguais ao personagem de um filme famoso.
Essas e tantas outras perguntas, repetidas todos os dias, revelam o quanto ainda precisamos avançar em empatia e informação. Antes de perguntar, é importante refletir: “Se eu estivesse no lugar dessa pessoa, gostaria de ouvir isso?” O respeito começa pelo entendimento de que cada um é único, e que perguntas idiotas dizem mais sobre quem pergunta do que sobre quem responde.
Sergio Pinheiro
Jornalista e ativista pela inclusão